Volume de negócios no alojamento e restauração cai para metade em Março

Medidas de confinamento fazem de Março o mês mais negativo de que há registo no sector dos serviços, com o alojamento e a restauração a serem particularmente afectados

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LUSA/MÁRIO CRUZ

O volume de negócios no sector dos serviços apresentou em Março uma queda de 17% face ao mesmo mês do ano anterior, o pior resultado de que há registo na série estatística iniciada em 2006. O sector do alojamento e restauração foi, sem surpresa, o que mais contribuiu para este indicador negativo.

O impacto negativo nos serviços das medidas de confinamento aplicadas para combater a pandemia do novo coronavírus não é uma surpresa. À vista de todos estava a dificuldade sentida logo desde o início do mês e acentuada com a declaração do estado de emergência a 16 de Março por muitos negócios em manterem uma actividade normal. E, agora, o indicador do volume de negócios dos serviços publicado esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) relativo ao mês de Março veio comprová-lo.

No total, o indicador (ajustado de efeitos de calendário e de sazonalidade) registou uma quebra de 17% que não só constitui uma interrupção abrupta da tendência de crescimento que se vinha registando nos últimos anos, como também supera o desempenho muito negativo do indicador verificado tanto em 2011 como em 2009. Nesses dois casos, as descidas homólogas superaram durante vários meses os 10%, mas nunca chegaram a valores tão altos como 17%.

Quando se analisa os dados por subsectores dentro dos serviços é ainda possível verificar que uma área em particular está a ser fortemente afectada pelo confinamento. De acordo com o INE, o sector que engloba o alojamento e a restauração registou em Março uma quebra no seu volume de negócios de 49,1%. Uma quebra para metade que se explica pela proibição de funcionamento normal de restaurantes e pelo “desaparecimento” dos turistas estrangeiros do país.

Noutras áreas, as quebras são mais moderadas. Nos transportes e armazenagem a variação homóloga do volume de negócios foi de 17,6%, enquanto no comércio por grosso e reparação de veículos e motociclos a perda foi de 14,4%.

Tal como no volume de negócios, também o emprego e as remunerações no sector dos serviços sentiram em Março o impacto da presente crise. Os dois indicadores tinham crescido 1,7% e 5,9%, respectivamente, em Fevereiro e agora cresceram apenas 0,2% e 1,7%.

Não há motivos para pensar que o mês de Abril irá registar uma recuperação de todos estes indicadores. Antes pelo contrário. Em Abril, ao contrário de Março, as medidas de confinamento mais apertadas estiveram em vigor durante todo o mês, pelo que é possível antecipar uma diminuição do volume de negócios em relação ao mês homólogo do ano anterior ainda mais acentuada. E no emprego e nas remunerações, apesar dos apoios públicos impedirem quedas mais acentuadas, a pressão negativa pode tender a agravar-se.

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