Espanha prevê que PIB caia 9,2% e taxa de desemprego suba para 19%

Governo espanhol estimou em 139 mil milhões de euros o impacto das medidas adotadas para combater a covid-19. Défice deverá atingir 10,34% do PIB, o maior desde o final de 2012

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María Jesús Montero, ministra das Finanças de Espanha LUSA/Emilio Naranjo

Espanha prevê que o produto interno bruto (PIB) registe uma quebra de 9,2% em 2020 e que a taxa de desemprego suba para 19%, em consequência do novo coronavírus, segundo os dados macroeconómicos apresentados hoje pelo Governo espanhol.

A contracção económica será consequência do colapso do consumo das famílias (8,8%) e da queda do investimento (25,5%) e das exportações (27,1%), explicou a vice-presidente de Assuntos Económicos do Governo espanhol, Nadia Calviño, em conferência de imprensa para apresentação do novo quadro macroeconómico que está incluído na actualização do Programa de Estabilidade 2020-2023.

Nadia Calviño disse que a economia espanhola chegará ao fundo no segundo trimestre do ano e se recuperará desde então na forma de um “V assimétrico”, o que levará a uma recuperação na economia de 6,8% em 2021.

Neste âmbito, o Governo espanhol estimou em 138.923 milhões de euros o impacto das medidas adoptadas para combater a covid-19 e detalhou o custo de algumas das principais iniciativas, inclusive 17.894 milhões para os pedidos de regulação de emprego temporário.

Durante a conferência de imprensa para apresentar as previsões macroeconómicas, a ministra das Finanças, María Jesús Montero, revelou que as principais medidas de gastos totalizam 28.403 milhões de euros.

Entre as medidas, estão 1.400 milhões de euros para um crédito extraordinário para o Ministério da Saúde, 2.867 milhões para actualizar as entregas financeiras à conta das comunidades, 17.894 milhões de despesas relacionadas com o emprego temporário e 1.355 milhões para baixas de trabalho em isolamento consideradas acidentes de trabalho.

De acordo com os dados apresentados, as receitas diminuíram em 6.120 milhões de euros, com impactos como 1.022 milhões devido ao IVA a 0% nas compras de serviços de saúde, 981 milhões por prestações extraordinárias pela cessação de actividade e 2.907 milhões por isenções e moratória nas contribuições para a previdência social.

A estes números somam-se 104,4 mil milhões de euros para medidas de liquidez, com a linha de 100 mil milhões de euros do Instituto de Crédito Oficial (ICO) para empresas e trabalhadores independentes.

Assim, o Governo espanhol prevê que o aumento dos gastos públicos e a queda das receitas devido à crise do novo coronavírus aumentem o défice público em 2020 até 115.671 milhões de euros, equivalente a 10,34% do PIB.

Este será o maior défice registado desde o final de 2012 (10,7% do PIB), destacou a ministra das Finanças, María Jesús Montero, indicando que as despesas vão subir 10,5% até 576.714 milhões de euros, enquanto as receitas vão cair 5,3% até 461.043 milhões de euros.

Segundo o boletim de quinta-feira, Espanha registou, nas últimas 24 horas, 268 mortes devido ao novo coronavírus, uma diminuição em relação às 325 de quarta-feira, havendo até agora um total de 24.543 óbitos.

De acordo com o Ministério da Saúde espanhol, há 1.309 novos casos positivos, elevando para 213.435 o total de infectados confirmados pelo teste PCR, o mais fiável na detecção do vírus. Os números diários indicam ainda que, nas últimas 24 horas, há 3.103 pessoas curadas depois de terem contraído a doença, sendo o total de 112.050 desde o início da pandemia.

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