Desporto continua a esticar o calendário à espera do aval das autoridades

Vários clubes já retomaram os treinos, mas com inúmeras restrições. Maio será o mês de todas as decisões, no futebol e não só.

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No melhor dos cenários, o futebol recomeçará sem adeptos nas bancadas LUSA/OCTÁVIO PASSOS

A frota do futebol esteve durante largas semanas imobilizada no hangar, à espera de condições mais favoráveis, e apresta-se agora para fazer uma aproximação à pista com o intuito de tentar a descolagem possível em tempos ainda de grande incerteza. Nos últimos dias, temos assistido a um carrossel de regressos e reinvenções dos treinos, à intensificação de contactos institucionais, à entrada em cena do Governo para discutir os moldes de um eventual reatamento. Continua a faltar uma data concreta, é certo, mas permanece válido o início de Agosto como limite informal imposto pela UEFA para a conclusão dos campeonatos.   

É uma das perguntas às quais ainda não é possível responder: a confirmar-se o retorno do desporto em Portugal, em que data acontecerá? O que se sabe é que, a cada dia que passa, reduz-se a margem de manobra para concluir as competições em suspenso (nomeadamente a I e II Ligas e a Taça de Portugal), já que a intenção de finalizar a época 2019-20 não deverá atrasar em demasia o arranque da próxima temporada. Até porque, em meados de 2021, realizar-se-á o Campeonato da Europa, o que significa que o calendário competitivo dos clubes será ainda mais apertado.   

Na expectativa de um relançamento do futebol no final de Maio ou início de Junho, alguns clubes já retomaram os treinos com a intenção de realizarem qualquer coisa parecida como uma pré-época acelerada, ou seja, trabalharem tanto quanto possível a condição física dos atletas com a competição em vista. Depois do Sporting, do FC Porto e do Sp. Braga, ontem foi a vez de o Benfica anunciar um regresso aos relvados (para 4 de Maio), ainda que com medidas restritivas e um novo paradigma já seguido por outros clubes: testes à covid-19 para todos os atletas e staff, mudança nos circuitos de circulação na academia, restrições de alguns serviços ou treinos segmentados com um número muito reduzido de futebolistas.

A intenção é diminuir ao máximo o contacto humano, um denominador comum nos planos que têm sido traçados um pouco por toda a Europa do futebol e que tem eco também no manual sanitário desenvolvido pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) para o efeito. No seguimento da reunião mantida nos últimos dias com representantes do Governo, da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), do sindicato de jogadores e da associação de treinadores, o organismo que rege as I e II Ligas impõe a realização de testes, antes da primeira partida, a “todos os elementos da ficha de jogo e jogadores não convocados”. Posteriormente, os resultados das análises serão avaliados por uma comissão independente e será necessário que um médico ateste a aptidão de todos os elementos em causa para efeitos de credenciação.

Antes de mais, porém, é necessário que as autoridades oficiais avalizem o regresso das provas, o que significa que os organismos de base desportiva estarão sempre dependentes dessa viabilização. É por isso que a FPF, de acordo com o que apurou ontem o PÚBLICO, não irá assumir, sem indicações precisas da Direcção-Geral de Saúde, a realização da final da Taça de Portugal, inicialmente agendada para o dia 24 de Maio. Depois de ter dado como concluídos os campeonatos não profissionais, a federação só avançará para a organização da final do Jamor caso exista luz verde do Governo e posterior consulta aos protagonistas, o FC Porto e o Benfica.

Se é verdade que a secretaria de Estado do Desporto acelerou na última semana as diligências para averiguar em que medida o futebol poderá ser retomado, o mesmo é válido para as modalidades de pavilhão, que lidam igualmente com dias de incerteza. Há dias, em Conselho de Ministros, entre as medidas extraordinárias definidas para o combate à pandemia, foi dada permissão às federações para procederem a alterações regulamentares nas diferentes modalidades por forma a ser possível terminar a época actual “fora de tempo”. Assim seja dada ordem de reabertura. com Augusto Bernardino

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