SNS reforça resposta na saúde mental

Ministério da Saúde criou um microsite dentro do site dedicado à covid-19 dedicado à saúde mental. E a Direcção-Geral da Saúde (DGS) emitiu novas normas de orientação para os serviços.

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Ministra da Saúde, Marta Temido, acompanhada da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas e por Miguel Xavier, director do Programa Nacional de Saúde Mental LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O Ministério da Saúde criou um microsite dentro do site dedicado à covid-19 dedicado à saúde mental. E a Direcção-Geral da Saúde (DGS) emitiu novas normas de orientação para os serviços. “O medo, a angústia e a ansiedade são sentimentos presentes na nossa vida. Os mais vulneráveis são os mais expostos. Neste contexto, o Programa Nacional de Saúde Mental e a DGS, com as coordenações regionais saúde mental entenderam publicar uma norma específica para resposta à saúde mental no contexto da pandemia”, explicou a ministra da Saúde, Marta Temido, na conferência onde esteve também o director do Programa Nacional de Saúde Mental.

“Nestes dias de grande dificuldade, ter saúde mental é ter capacidade de resistir e estar no cumprimento do isolamento social até que tenhamos mais certeza da estabilidade da nossa situação. Um gesto imponderado e uma saída desnecessária pode deitar tudo a perder”, afirmou Marta Temido, lembrando que “gostaríamos todos, neste momento, de estar a viver as nossas vidas de outra forma, mas temos de ser muito ponderados”.

O director do Programa Nacional de Saúde Mental, Miguel Xavier explicou que a situação que se vive “é causadora de problemas de saúde mental”, mas salientou que isso “não quer dizer que as pessoas vão ter doença mental”. “Toda a evidência mostra que a doença mental que surge em situações de catástrofe afecta entre 1,5% e 2% [da população]. A maior parte das pessoas vai ter fenómenos passageiros.”

O director do programa nacional esclareceu que, para dar resposta às situações que precisem de atendimento especial, os serviços de saúde organizaram-se e estão já a responder de forma articulada. A primeira porta são os serviços de saúde mental nos centros de saúde, a que seguem os instalados nos hospitais para casos mais graves, como pessoas já com doença mental ou a quem possa ser diagnosticada neste período de pandemia.

“O que estamos a tentar fazer é dar informação que permita às pessoas saber claramente o que é a covid e que repercussões ela pode ter na sua saúde mental. O Ministério da Saúde acaba de lançar um site em que essas coisas estão descritas de forma sucinta”, explicou.

Miguel Xavier adiantou que há também respostas próprias para os profissionais de saúde, “com a criação de unidades específicas em todos os serviços de saúde mental que trabalham em hospitais gerais”.

“Até a doença estar erradicada, nada será como antes”

Questionada, na conferência, sobre o levantamento das medidas de distanciamento social, que se espera que em Maio possa acontecer, a ministra explicou que as recomendações da Organização Mundial de Saúde e as orientações dos restantes países da União Europeia que estão a ser usados assentam em três marcos. E deixou claro que “até a doença estar erradicada, nada será como antes”.

Um dos marcos é a avaliação epidemiológica, “que é feita a cada momento”. “Por algum motivo estamos a dizer que podemos tomar medidas em Maio. Com o número que temos, pretendemos ainda reduzir número de novos casos, de óbitos e aumentar o número de recuperados.” A taxa de letalidade da covid-19 em Portugal está nos 3,5% e na faixa etária acima dos 70 anos está nos 12,7%.

Outro aspecto, “é a capacidade dos sistemas de saúde”. “O nosso sistema de saúde está a conseguir responder à pandemia. Teve um momento de maior pressão. Mas o sistema tem de responder também aos doentes não covid. Não podemos dirigir toda a resposta do SNS para novos casos de doença, temos de responder também aos doentes não covid”, sendo necessário assegurar este equilíbrio.

Outro marco é a vigilância, que se faz através de vários mecanismos, designadamente pela realização de testes. “Portugal compara muito bem em testes diagnósticos por milhão de habitantes com os demais países da União Europeia”, afirmou a ministra, que reconheceu que é preciso “uma melhoria do sistema de vigilância epidemiológica, aspecto que será mais demorado mas que estamos empenhados em conquistar”.

Também a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que “esta epidemia está longe de estar controlada”. “É apenas uma das ondas epidémicas possíveis”, referindo que é muito importante acompanhar todos os dias a evolução da doença. “Quando o R [número de pessoas que um doente pode infectar] está abaixo de 1, significa que um infectado infecta abaixo de uma pessoa. Parece indicar que podemos estar a controlar a onda”, explicou a responsável.

Mas mesmo este valor não pode ser visto como um dado adquirido. “Podemos ter duas ou três semanas em que R portar-se bem, com abrandamento da onda, mas como vírus depende muito das nossas acções, o R pode voltar a aumentar. Estas situações vão-se controlando dia a dia”, afirmou Graça Freitas.

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