Covid-19 e o 1º de Maio: CGTP avisa que “atropelos aos trabalhadores não podem ficar em casa”

Secretária-geral da CGTP diz que 1º de Maio será assinalado com “algumas acções de rua” mas com “distanciamento social”

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Isabel Camarinha diz que os participantes nas acções de rua representam todos os trabalhadores que não podem estar daniel rocha

A celebração do 1º de Maio vai realizar-se através de “algumas acções de rua” porque é preciso “denunciar” os “atropelos aos direitos dos trabalhadores”, afirma ao PÚBLICO a secretária-geral da CGTP Isabel Camarinha. Esta segunda-feira, a comissão executiva desta central sindical vai definir os locais e o modo como vai ser assinalado o dia do Trabalhador, mas a dirigente salvaguarda a “segurança” e o “distanciamento social” dos participantes nas acções de rua.

“Os direitos dos trabalhadores estão a ser atropelados de toda a forma. Isso tem de ser visível para todos não pode ficar em casa ou nos locais de trabalho”, defende Isabel Camarinha, sublinhando que serão “tomadas todas as medidas para garantir o distanciamento social de que quem participa ou quem resida perto”. “Não pretendemos nem apelamos a que as pessoas venham, mas podem ver das janelas”, acrescentou.

Como a CGTP já tinha anunciado não haverá manifestações nem desfiles no 1º de Maio. Os participantes nas acções de rua, que serão dirigentes delegados sindicais e trabalhadores, terão uma distância de três ou quatro metros entre si e podem levar bandeiras e cartazes como forma de expressar os problemas que existem no mundo do trabalho gerados por esta crise. “Não podem vir todos mas os que estão ali representam os que não podem estar”, refere a secretária-geral da CGTP, lembrando que “há um milhão de trabalhadores em layoff”, 350 mil desempregados e que há um “mundo de atropelos aos direitos dos trabalhadores” mesmo os que estão em teletrabalho.

A dirigente falava ao PÚBLICO depois de a CGTP ter emitido um comunicado em que referiu a celebração do 1º de Maio na “rua”, embora sem a participação de milhares de trabalhadores e de reformados. Na nota, a central sindical assinala que, este ano, “não se trata de uma mera comemoração, é uma necessidade de trazer para a rua a voz do trabalho e dos trabalhadores, da denúncia do desemprego, dos cortes de salários, da incerteza no dia de amanhã”.

A CGTP costuma assinalar o 1º de Maio em 40 localidades, mas só amanhã serão definidos os locais e o modo como vão decorrer as celebrações.

No comunicado, a central sindical refere-se ainda às comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República para condenar a “campanha” em curso. Essa campanha é “levada a cabo por quem ainda não desistiu de acertar contas com o 25 de Abril e as suas conquistas e valores, com que se pretende impedir as comemorações da Revolução que devolveu aos trabalhadores e ao povo português a liberdade, a democracia e um vasto conjunto de valores e de direitos que continuamos a defender e a exigir que sejam cumpridos na sua totalidade.”

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