Ler não é para meninas

Narrativa eficaz, viciante, a sequela de A História de Uma Serva parece muitas vezes mais uma denúncia do real do que um projecto puramente literário.

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Uma escritora atenta ao real, capaz de fazer a sua escrita ecoar no presente de quem a lê Mark Blinch/REUTERS

O anúncio de uma sequela de um bom livro suscita inevitavelmente uma sensação ambígua. A vontade regressar a um mundo onde fomos felizes e o receio de que a promessa de felicidade não se cumpra. Ou o autor se supera ou já sabemos o preço frustrar uma expectativa alta. Quando Margaret Atwood anunciou o que estava a escrever a continuação de A História de Uma Serva, justamente quando decorria a adaptação do romance a uma série de televisão que ressuscitou o livro, houve quem pensasse que a canadiana estava a cavalgar nesse sucesso. Quem a conhecesse melhor sabia, no entanto, que Atwood não ia seguir o facilitismo e teria uma ambição maior para Gilead, o território distópico, autoritário, misógino e fanático que criou em 1985, no sexto romance da sua carreira, e nunca desde então pareceu tão verosímil. A sequela surgiu em 2019, ganhou o Booker, num empate histórico com o romance Girl, Women, Other, da britânica Bernardine Evaristo, e acaba de ter edição em Portugal.

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