António Costa avisa que “seguramente vai surgir” nova vaga de covid-19

O primeiro-ministro revelou que não fez qualquer teste ao novo coronavírus.

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António Costa LUSA/RODRIGO ANTUNES

O primeiro-ministro afirmou nesta sexta-feira que “seguramente vai surgir” uma segunda vaga de covid-19 no próximo Inverno. “Eu aí sou um bocadinho mais pessimista. Seguramente vai surgir [uma segunda onda]. Até haver uma vacina, ou até haver um medicamento, há uma coisa que sabemos: de cada vez que levantarmos uma das medidas, o risco de contaminação vai outra vez subir”, disse António Costa numa entrevista ao programa Você na TV, da TVI.

Logo no início da entrevista a Manuel Luís Goucha, António Costa afirmou que ainda não vê a luz ao fundo do túnel no que respeita à pandemia de covid-19. “Há uma coisa que todos nós sabemos: do outro lado do túnel há luz e temos de percorrer este túnel e, quanto mais disciplinados formos agora, mais depressa chegamos ao fim do túnel. Mas, para sermos realistas, acho que não é possível ver ainda a luz ao fundo do túnel”, afirmou.

O chefe do Governo considerou também que retirar o estado de emergência devido à covid-19 seria dar “um sinal errado ao país”. “Ainda não podemos começar a aliviar. Pelo contrário, este é o momento mais difícil, porque a fadiga vai-se acumulando. (...) É fundamental sermos muito contidos, muito disciplinados” nas medidas de contenção, acrescentou.

Costa admitiu faltarem testes para a covid-19, afirmando que essa carência acontece, porque “não existem à escala global” testes suficientes para serem adquiridos pelos países. Mas a maior falta, revelou, é de reagentes para os testes. “Nada estava produzido à escala global para uma pandemia desta dimensão. Portugal está luta em que todo o mundo está para conseguir comprar”. Rejeitou, porém, “alimentar essa polémica sobre aquilo que é essencial ter, o que é necessário ter e o que as pessoas julgam que têm de ter”.

O primeiro-ministro adiantou que pediu ao Banco de Portugal que “esteja atento” à utilização dos créditos com garantias de Estado, salientando que é o momento de a “banca retribuir” o “enorme esforço” dos portugueses. “Eu acho que os bancos têm vindo a ser sensibilizados. Ainda nesta semana o senhor Presidente da República reuniu-se com os presidentes dos cinco maiores bancos para os procurar sensibilizar, eu próprio já pedi ao Banco de Portugal para que esteja atento, designadamente à forma como estão a ser utilizados estes créditos com garantias de Estado”, adiantou.

O chefe de Governo disse também esperar que “a austeridade não entre na vida dos portugueses”, porque, “independentemente da terapia de há dez anos, a doença é completamente diferente” agora. “Temos um problema de saúde que atingiu a economia. A solução passa por controlar a pandemia, para não afectar a economia, e depois tratar a economia, para que não afecte as finanças do Estado”, salientou.

O primeiro-ministro revelou também que, até ao momento, não fez qualquer teste à covid-19. “Não fiz, porque não tenho sintomas e porque não tenho estado em contacto com pessoas de risco – até deixei de visitar a minha mãe, que já tem idade para ser considerada pessoa de risco. Felizmente está de boa saúde e disciplinada”, afirmou o primeiro-ministro.

Questionado sobre os apoios à cultura, Costa referiu-se ao festival Fest, anunciado pelo Ministério da Cultura, que iria reunir dezenas de artistas, mas foi, entretanto, cancelado, devido a vários protestos: “O Ministério da Cultura lançou uma iniciativa em parceria com a RTP, que foi muito mal recebida. Sinceramente, ainda não consegui perceber porquê.”

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