Jornal O Bomfim lança versão digital para ler em casa em tempo de covid-19

Edição especial do “jornalinho de bairro” fala das novas rotinas e histórias em tempo de isolamento. O mote é: “Mantenham-se em casa, mas não se mantenham parados.”

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Manuel Roberto / Público

O Bomfim surgiu em 2018 como uma “brincadeira” entre Rita Ferreira, Sara Sá Jones e Joana Estrela. É um “jornalinho de bairro” que quer celebrar um Porto que resiste e a freguesia do Bonfim.

Rita, que entretanto assumiu a solo a edição do projecto, estava a preparar o sexto número, focado no comércio local, quando o mundo mudou por causa da pandemia de covid-19 e andar na rua passou a ser desaconselhado. Com o surto do novo coronavírus, a designer viu-se obrigada a ficar em casa, oscilando entre “estados de tédio e ansiedade”, conta ao P3.

O Bomfim - edição por casa

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Quase a ficar paranóica, sentiu que tinha que fazer algo, mesmo que não pudesse ultimar a versão impressa do jornal, que geralmente é distribuído por alguns espaços da freguesia. Por isso, resolveu fazer uma edição especial, apenas digital — O Bomfim por casa — que fala das novas rotinas e histórias em tempo de isolamento. “É um contributo para nos mantermos em casa, mas para termos alguma coisa para fazer ao mesmo tempo”, explica.

Entrou em contacto com alguns amigos e colaboradores do jornal (“para se exercitarem todos um pouco”) e os artigos foram aparecendo. Francisco Ferreira, por exemplo, partilha a sua colecção de listas de compras que encontrou em supermercados, em I’m all lost in the supermarket, para “lembrar do que agora faz mesmo falta”.

Raquel Biltes dá o testemunho de quem acompanha de coração apertado a situação da covid-19 em Itália, pois o seu irmão vive lá. Rita Ferreira apresenta uma série de fotografias de amigos à janela em tempos de distanciamento social. JP Burgal relata, em Ecrã Indiscreto, uma conversa escutada nas traseiras de um prédio, “onde agora se matam saudades”. Há ainda uma carta ao Bonfim, de Virgínia Valente, para reflectir sobre a situação actual.

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Normalmente, o periódico tem 16 páginas, mas esta edição conta com mais e vai continuar a crescer. Rita recebeu vários contactos de pessoas que querem acrescentar a sua história ou a sua luta. Quem quiser colaborar pode contactar O Bomfim. “É um jornal que está em aberto e com este futuro indefinido que temos pela frente a nível de tempo, acho que é um jornal que se pode manter muito tempo em construção.”

Um dos artigos que irá ser partilhado brevemente é o manifesto A minha luta não faz quarentena da SOS Racismo para lembrar a defesa dos direitos humanos, mesmo dentro de casa. ”Continuam a acontecer despejos continuam a existir sem-abrigo, muitas outras coisas continuam a acontecer. Lá por estarmos em casa, não significa que temos de parar de nos manifestar, mas neste caso com as ferramentas que podemos, que neste momento são essencialmente digitais”, conclui Rita.

A sexta edição d’O Bomfim, impressa e gratuita, irá aparecer quando o mundo voltar à normalidade. Até lá, o conselho é: “Mantenham-se em casa mas não se mantenham parados.”

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