FIFA vai gastar parte da sua fortuna para resgatar o futebol

O organismo presidido por Gianni Infantino está a avaliar o impacto, a curto e médio prazo, do coronavírus no futebol mundial e planeia usar parte das suas reservas na revitalização da modalidade.

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LUSA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

Para já não passam de estudos e planos que começam a serem traçados nos gabinetes de FIFA em Zurique, mas perante a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus de proporção ainda difícil de adjectivar, o organismo que tutela o futebol a nível mundial será forçado a redireccionar parte dos 2,5 mil milhões de euros que tem nos seus cofres para o saneamento da modalidade. O fundo, que terá que ainda de ser aprovado pelo Conselho da FIFA, órgão executivo do organismo presidido por Gianni Infantino, servirá para apoiar a indústria de futebol através de empréstimos ou subsídios de emergência.

Depois de no final da última semana ter reunido um grupo de trabalho composto por representantes seus, das seis confederações continentais, das federações, dos clubes, das Ligas e dos jogadores para definir as orientações e recomendações que serão dadas às federações para “mitigar as consequências das interrupções causadas pela covid-19”, a FIFA prepara já o passo seguinte, que passará, inevitavelmente, pela injecção de dinheiro no futebol mundial.

Em declarações à Reuters, um porta-voz da FIFA afirmou nesta terça-feira que o organismo estava ciente de que há “sérios problemas financeiros provocados pelo surto do novo coronavírus”, que ameaçam “perturbar e prejudicar a capacidade das federações filiadas na FIFA e outras organizações de futebol, como ligas e clubes, de desenvolver, financiar e administrar actividades de futebol em todos os níveis do jogo, incluindo profissionais, não profissionais e camadas jovens”.

“Prevê-se que em muitas partes do mundo um número considerável de pessoas envolvidas no futebol, incluindo homens e mulheres jogadores, seja colocado em condições económicas extremamente difíceis”, acrescentou a mesma fonte.

Segundo o New York Times, a estratégia da FIFA passará por injectar parte dos 2,5 mil milhões de reservas que tem disponíveis na economia do futebol, para, dessa forma, minimizar os danos provocados pela pandemia.

Fundo gerido sem interferência de Infantino

O formato exacto e os detalhes do plano de assistência não terão sido ainda decididos, mas ainda nesta semana serão realizadas mais consultas junto das federações filiadas da FIFA, das confederações continentais e outras partes interessadas. O objectivo, é que este “fundo de assistência ao futebol” fique fechado a curto prazo.

A ajuda da FIFA, que pode passar por empréstimos ou subsídios directos, será, segundo o jornal norte-americano, gerida independentemente da liderança da FIFA, evitando assim o risco de este plano ser contaminado por questões políticas que assolam o mundo do futebol – as relações entre Gianni Infantino e alguns dos líderes das seis confederações continentais não são as melhores.

Eleito presidente da FIFA em 2016, Infantino disse durante a campanha eleitoral para a presidência da organismo sediado na Suíça ter “planos para distribuir os recursos da organização”, acrescentando que “o dinheiro da FIFA é da FIFA, não é o dinheiro do presidente da FIFA”. Cerca de três anos e meio depois, o fundo de reserva que o ítalo-suíço tem para gerir neste momento de crise é de 2,5 mil milhões de euros, mais 80% do que no ciclo anterior.

De acordo com seu último relatório anual, publicado no ano passado, a FIFA aumentou as suas receitas durante o período de 2015 a 2018, onde facturou 5,9 mil milhões de euros, mesmo depois do escândalo de corrupção de 2016 que danificou a imagem do organismo e culminou na expulsão do então secretário-geral, Joseph Blatter.

No início deste ano, a FIFA já tinha anunciado um investimento superior a mil milhões de euros no “desenvolvimento do futebol e, outra parte substancial, no desenvolvimento do futebol feminino”.

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