Cientistas unem-se em plataforma para investigar a covid-19

Objectivo da plataforma Crowdfight Covid-19 é atrair cientistas de todo o mundo que ajudem investigadores que já estudam a covid-19.

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Num laboratório na Califórnia (Estados Unidos) onde se investiga uma vacina para o novo coronavírus Bing Guan/Reuters

Pôr a comunidade científica ao serviço da investigação da covid-19. Este é o grande objectivo da iniciativa Crowdfight Covid-19. Nesta plataforma online, cientistas que já estejam a investigar a covid-19 podem pedir ajuda para certas tarefas e outros cientistas podem oferecer a sua ajuda.

Esta iniciativa veio de um pequeno grupo de investigadores do Centro Nacional de Investigação Científica francês (CNRS), da Universidade Rei Juan Carlos (em Espanha) e do Instituto Max Planck (na Alemanha). Entretanto, cientistas de muitas outras instituições científicas tornaram-se “pontos de contacto” deste serviço. Em Portugal, esse contacto é Gonzalo de Polavieja, investigador do Centro Champalimaud, em Lisboa. 

“A nossa motivação veio do facto de a maioria dos planos para combater a covid-19 depender do pressuposto de que tratamentos e/ou vacinas estarão disponíveis em poucos meses”, explica o grupo em comunicado. “Os atrasos nesses tratamentos terão consequências enormes tanto a nível do impacto económico como de vidas humanas.”

Por isso, a ideia é pôr a comunidade científica ao serviço da investigação da covid-19, “dado que existe agora um enorme conjunto de cientistas altamente qualificados dispostos a oferecer o seu tempo e conhecimento por esta causa”, realça-se.

E como funciona? Há duas opções no site da Crowdfight Covid-19: uma para cientistas que já investiguem a covid-19 (desde virologistas a bioinformáticos) e a outra para investigadores que se voluntariem para ajudar nesta investigação. Por um lado, se for um cientista que já investigue a covid-19, pode pedir ajuda de forma gratuita. Pode solicitar tarefas simples ou mais complexas, como transcrever dados ou responder a uma questão técnica. Apenas tem de descrever essa tarefa em poucas linhas. Por outro lado, se for um cientista voluntário, poderá oferecer o seu contributo, esclarecendo aquilo que é capaz de fazer.

Para ligar estes dois grupos, há um conjunto de coordenadores que recebe os pedidos dos cientistas que já investigam a covid-19 e identificam os cientistas voluntários que consigam preencher os requisitos dos seus pedidos. “Tudo isto é gratuito. Esta plataforma funciona graças a cientistas que contribuem com o seu tempo e capacidade nestes tempos de emergência”, lê-se no site da plataforma.

O objectivo é atrair cientistas como voluntários para trabalharem com os investigadores que já estudam a covid-19”, frisa ao PÚBLICO Gonzalo de Polavieja, que é um dos consultores da iniciativa. Por sua vez, Alfonso Pérez Escudero, do CNRS, informa: “Já temos cerca de 2800 voluntários e cerca de 130 são de Portugal. Também temos recebido muitos pedidos de cientistas que investigam a covid-19 a pedir a nossa ajuda.” 

No comunicado, a equipa deixa ainda uma ressalva: “Não sabemos se irá resultar. É difícil, mas vale a pena tentar. Até um sucesso parcial valeria a pena. Poderá ser ineficiente para os coordenadores e voluntários, mas altamente eficiente para os investigadores. Neste momento, é um preço que nós, coordenadores e voluntários, estamos dispostos a pagar.”

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