Mestalla sem adeptos, Mourinho sem avançados

Decidem-se os primeiros apurados dos quartos-de-final da Champions: Atalanta em Valência com uma vantagem confortável em jogo à porta fechada; Tottenham tenta recuperar de uma derrota mínima em Leipzig.

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O Mestalla vai fechar as portas aos adeptos para o Valência-Atalanta Reuters/SUSANA VERA

O novo coronavírus está a contagiar o futebol europeu e já é garantido que pelo menos dois jogos da segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões serão disputados à porta fechada. Um deles é o Valência-Atalanta desta terça-feira, em que o Mestalla não terá ninguém, por ordem do Governo espanhol, dado que a equipa visitante é de Bérgamo (cidade no norte de Itália, um dos países mais afectados pela doença). As “razões de saúde pública” invocadas pelas autoridades espanholas abrangem os adeptos dos dois lados (e a bancada de imprensa também estará vazia), mas excluem as cerca de 250 pessoas, segundo uma estimativa do jornal Marca, indispensáveis para a realização do jogo, entre jogadores, equipas técnicas, árbitros, funcionários da UEFA e do clube da casa, elementos da Cruz Vermelha, seguranças, apanha-bolas e todos os que estão envolvidos na transmissão televisiva do jogo.

Houve pedidos por parte dos adeptos da equipa “che” para que este jogo fosse adiado, com o argumento de que jogar em casa sem adeptos é “uma adulteração da eliminatória”, mas o jogo vai mesmo avançar, e é a Atalanta que está numa posição privilegiada para seguir para os “quartos”, depois de ter triunfado na primeira mão por 4-1 em casa emprestada (joga os seus encontros europeus em San Siro). A equipa de Bérgamo está a surpreender, tanto na Champions (onde está pela primeira vez), como na Série A italiana (está em quarto e tem o melhor ataque), e apresenta-se no Mestalla sem fadiga competitiva (não jogou neste fim-de-semana e não terá jogos na Série A até ao fim do mês), para além de estar num grande momento (cinco vitórias nos últimos seis jogos e 24 golos marcados).

Já a equipa dos portugueses Thierry Correia (que pouco joga) e Gonçalo Guedes (que tem passado muito tempo lesionado) é exactamente o contrário do seu adversário desta terça-feira. Só ganhou um dos últimos seis jogos e está fora dos lugares de apuramento para a Europa na Liga espanhola, sendo que recuperar de uma desvantagem como esta é difícil, mas não é impossível, como provou o Deportivo da Corunha na Champion,s em 2004, frente a um grande AC Milan de Schevchenko, Kaká, Prilo e Rui Costa – depois de uma derrota por 4-1 em San Siro, os galegos seguiram em frente graças a um espectacular 4-0 no Riazor. Apesar da derrota pesada na primeira mão, o treinador Albert Celades parece estar confiante: “Não precisamos de um milagre para seguir em frente.”

Tottenham em desvantagem

Se as bancadas do Mestalla estarão vazias, tal como as do Parque dos Príncipes, em Paris, para o PSG-Borussia Dortmund de quarta-feira, espera-se casa cheia na Arena Red Bull para o RB Leipzig-Tottenham. O Governo alemão sugeriu que eventos com mais de mil pessoas fossem cancelados, e o clube esteve reunido com as autoridades locais para avaliar a situação, decidindo-se por manter as portas abertas aos adeptos dos dois lados. E, assim, cerca de 43 mil pessoas vão ver ao vivo como José Mourinho irá tentar dar a volta a uma eliminatória que lhe é desfavorável (perdeu em Londres por 0-1 na primeira mão) sem jogadores versados na arte de marcar golos.

Desde que assumiu o comando dos londrinos, Mourinho perdeu Harry Kane (que já voltou aos treinos, mas está longe de ser opção), Son e, no último fim-de-semana, ficou sem Bergwijn, o extremo holandês contratado no mercado de Inverno que não irá jogar mais até ao final da época. “Já estamos habituados”, disse o técnico português na conferência de imprensa de lançamento do jogo em Leipzig. “Psicologicamente, ficámos mais em baixo com as outras lesões do que com esta. Se já temos quatro ou cinco lesionados, que diferença faz ter seis ou sete?”, comentou Mourinho. A onda de lesões no Tottenham pode significar o regresso à titularidade de Gedson Fernandes – o médio português emprestado pelo Benfica foi titular no jogo da primeira mão, em Londres.

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