Alentejo constrói ETAR que falta para deixar de despejar esgotos no estuário do Sado

Sistema de tratamento com um investimento de 2,9 milhões, na Comporta, fica concluído em Fevereiro de 2021.

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Nuno Ferreira Monteiro

O último ponto de despejo directo de esgotos no estuário do Sado, que ainda está activo na margem do lado do Alentejo, tem os dias contados. Com a assinatura do contrato de empreitada para a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Comporta, começou nesta quarta-feira a construção do “coração do sistema” que vai acabar com o despejo de resíduos no rio, que dura há décadas.

Além da ETAR, que custa 1,9 milhões de euros, o investimento inclui uma estação elevatória, em construção desde Novembro, pelo que o conjunto do sistema ascende a um total de 2,9 milhões de euros, co-financiados por fundos comunitários.

As obras devem estar prontas em Fevereiro de 2021, seguindo-se um período experimental de um ano, para testes de funcionamento.

Trata-se, segundo a presidente da Junta de Freguesia da Comporta, da “obra mais desejada” pela população local há muitos anos. “Os resíduos estão a desaguar no rio e isso afecta o estuário, a reserva natural e a pesca”, disse Deolinda Florêncio.

“Os efluentes são despejados actualmente para o estuário do Sado sem qualquer tratamento”, explicou o vice-presidente da Águas do Alentejo. João Silva Costa reconhece que “não estão a ser cumpridas" as normas legais ambientais.

A localidade, do concelho de Alcácer do Sal, fortemente piscatória, tem uma população de 600 residentes mas, nos meses de Verão, o turismo quase quadruplica o número de pessoas.

Para o presidente da Câmara de Alcácer do sal, a construção do sistema de tratamento é muito urgente. “Esta zona é altamente sensível e ambientalmente exigente pelo que era urgentíssimo construir esta ETAR”, afirmou Vítor Proença, que pediu ao construtor que dê pressa máxima ao trabalho.

O autarca defendeu que “o turismo [na Comporta] é muito importante, mas primeiro está a natureza”.

146 milhões em dez anos

O sistema de tratamento de águas residuais da Comporta é uma obra da Águas Públicas do Alentejo (AGPA), empresa pública detida pelo Estado em parceria com 20 municípios alentejanos.

No momento em que a empresa completa dez anos de existência, o presidente da AGPA elogia os resultados obtidos por esta parceria. Em dez anos foram investidos 140 milhões de euros em sistemas de captação e abastecimento de água em alta e estações de tratamento de águas residuais, captados 110 milhões de fundos comunitários e criados 120 postos de trabalho em emprego directo.

Segundo o presidente da empresa, dois terços do plano inicial de investimento em infra-estruturas nestes 20 municípios do Alentejo estão concretizados.

“É um percurso assinalável até porque foi feito num período de excepção”, disse Francisco Narciso, referindo-se à crise económica que o país viveu recentemente.

O autarca de Alcácer do Sal, que preside também à Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), destaca igualmente a utilidade do sistema. “A Águas do Alentejo tem proporcionado grandes investimentos no Alentejo. Sozinhos, os municípios não conseguiriam atingir nem metade dos 140 milhões já investidos”, disse Vítor Proença.

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