Pastores evangélicos detidos por tráfico de pessoas ficam impedidos de sair de Portugal

Os três suspeitos vão ter de se apresentar semanalmente às autoridades. A congregação que representa os evangélicos em Portugal fez saber que “a igreja, da qual os alegados pastores visados alegadamente fazem parte, não é membro da Aliança Evangélica Portuguesa”.

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A Aliança Evangélica Portuguesa, congregação que representa os evangélicos portugueses, repudia “toda e qualquer prática de auxílio à imigração ilegal e tráfico humano” miguel manso

Os três pastores de uma organização religiosa que foram detidos por suspeita de auxílio à imigração ilegal e tráfico de pessoas ficaram sujeitos à interdição de saída de Portugal e apresentações semanais, disse à Lusa fonte do SEF.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) anunciou esta sexta-feira que deteve na zona da Grande Lisboa três pastores de uma organização religiosa suspeitos de associação de auxílio à imigração ilegal e tráfico de pessoas.

Em comunicado, o SEF adianta que a detenção dos pastores ocorreu na quinta-feira e, além dos três mandados de detenção, foram cumpridos cinco mandados de busca domiciliária na zona da Grande Lisboa. Contactado pela Lusa, o SEF não precisou qual a organização religiosa, indicando apenas que são pastores de uma igreja evangélica.

Aquele serviço de segurança frisa que foram identificados nos locais das buscas cerca de três dezenas de cidadãos estrangeiros, oriundos da América do Sul, alojados nos diferentes locais de culto “em condições muito precárias”.

Segundo o SEF, os cidadãos estrangeiros eram angariados pela organização religiosa no país de origem e encontravam-se na sua maioria em situação irregular em Portugal, a exercer actividade laboral subordinada sem o necessário título jurídico válido.

Além das más condições de trabalho, alojamento e salubridade em que foram detectados, os cidadãos estrangeiros, entre os quais crianças, eram sujeitos ao pagamento de quantias de dinheiro para a organização religiosa, refere também o SEF. No total, participaram na operação 55 elementos do SEF, que vai prosseguir a investigação.

Depois de terem sido presentes a primeiro interrogatório judicial, foram aplicadas aos três suspeitos as medidas de coação de interdição de saída do país e apresentações semanais às autoridades.

Aliança Evangélica Portuguesa diz que os pastores não fazem parte da associação

Numa nota divulgada na página oficial da Aliança Evangélica Portuguesa, a congregação que representa os evangélicos em Portugal diz repudiar “toda e qualquer prática de auxílio à imigração ilegal e tráfico humano”, apresentando-se “disponível para colaborar com os órgãos de polícia criminal quanto à denúncia de situações similares”.

A associação reconhece a existência deste tipo de crimes em Portugal, nomeadamente junto de cidadãos de nacionalidade brasileira, a quem prestam apoio quando estes “necessitam de cuidado e amparo”. Contudo, acrescenta o comunicado, “esse apoio prestado por vezes pode ser mal interpretado pelas autoridades, como se fosse motivador da imigração ilegal, quando na verdade é apenas o auxílio humano a pessoas em dificuldade.”

A Aliança Evangélica diz “desconhecer por completo” o que se passou com os três pastores detidos esta sexta-feira pelo SEF e acrescenta que “a igreja, da qual os alegados pastores visados alegadamente fazem parte, não é membro da Aliança Evangélica Portuguesa”. 

Por isso considera “desadequadas as notícias de manchete evocando a actividade de Pastores Evangélicos, uma vez que essa actividade nada tem a ver com os crimes e por causar um alarme social quanto à prática Evangélica, religião minoritária em Portugal e que em nada favorece ou motiva a prática dos crimes evocados”.

A associação alerta ainda “os meios de comunicação social e os cidadãos em geral para se certificarem que a uma determinada entidade religiosa está inscrita na Aliança Evangélica Portuguesa “como forma de distinguir as igrejas evangélicas reconhecidas das não reconhecidas.”

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