Marcelo espera estabilidade financeira, política e institucional em 2020

Na apresentação de cumprimentos de boas-festas ao Presidente da República, o primeiro-ministro anteviu um ano “muito difícil” e apontou vários “desafios estratégicos” de longo prazo a “enfrentar em conjunto” com o chefe de Estado.

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Marcelo recebeu as boas festas e um cachecol do Governo LUSA/TIAGO PETINGA

Marcelo Rebelo de Sousa espera que 2020 seja um ano de estabilidade financeira, política e institucional em que os portugueses possam ver a sua vida melhorada, mas António Costa antevê um ano muito difícil e espera contar com o chefe de Estado para enfrentar os desafios. Na apresentação de cumprimentos de boas festas ao Presidente da República por parte do Governo, ficaram recados para os dois lados.

O primeiro-ministro foi o primeiro a falar e enalteceu a “saudável convivência” entre Governo e Presidente da República e prometeu mantê-la: “Aqui estamos para manter esse relacionamento da forma mais saudável, que eu acho que tem sido muito positivo para a imagem externa e para a unidade interna no país. Acho que o país aprendeu muito ao longo destes quatro anos da saudável convivência entre órgãos de soberania e eu acho que seguramente assim iremos continuar a manter”, afirmou.

António Costa anteviu, no entanto, um ano de 2020 “muito difícil” e apontou vários “desafios estratégicos” de longo prazo que espera “enfrentar em conjunto” com o chefe de Estado, ainda que o primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa termine em Março de 2021.

“Estamos no início das nossas funções. Temos quatro anos pela nossa frente e um ano novo que vai ser também o início de uma nova década, em que temos vários desafios estratégicos para enfrentar em conjunto”, declarou o primeiro-ministro, na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa.

António Costa destacou os combates às alterações climáticas e às desigualdades e os desafios associados à transição digital, acrescentando: “Sabemos que o senhor Presidente da República partilha connosco da preocupação com todos estes objectivos e que será sempre atento na forma como o país se mobiliza colectivamente para enfrentar estes desafios”.

Marcelo Rebelo de Sousa concordou com António Costa na análise de que 2020 será um ano exigente: “A professora Maria de Sousa [uma amiga] costuma dizer que a exigência é uma sentinela que não pode dormir. E isso aplica-se bem ao próximo ano”, comentou.

O chefe de Estado lembrou que, independentemente da conjuntura europeia e mundial, no próximo ano serão votados dois dos quatro orçamentos desta legislatura - “metade dos orçamentos da legislatura é votada num ano”, frisou -, e é isso que “torna esse ano muito importante em termos financeiros e económicos e sociais para a vida dos portugueses”.

“Eu espero que, quando nos encontrarmos aqui daqui a um ano, para os cumprimentos de boas festas, inevitavelmente em circunstâncias diferentes das actuais, possamos olhar para trás e dizer que foi um ano estável – politica, económica e financeiramente estável e institucionalmente estável. E ainda melhor se pudermos dizer que foi um ano que superou o ano anterior na vida dos portugueses”, afirmou Marcelo.

Antes das intervenção, o Presidente da República deu as “boas festas ao Governo português e ao Eurogrupo”, ao cumprimentar o ministro das Finanças, Mário Centeno, numa alusão ao dissenso entre Costa e Centeno sobre o orçamento da zona euro. Já na véspera, Marcelo tinha desvalorizado a polémica dizendo que “cada um cumpre a sua missão” e isso não significa “que o ministro das Finanças não pense exactamente o que pensa o primeiro-ministro”.

Após cumprimentar os membros do Governo, o Presidente da República posou com eles perante os repórteres de imagem e, enquanto se ajustavam para a esquerda, comentou: “Devo ser o último moicano de direita”.

Entretanto, colocou ao pescoço um cachecol oficial da Federação Portuguesa de Futebol, com os símbolos também olímpico e paralímpico, que António Costa lhe ofereceu nesta cerimónia, a pensar nas competições desportivas de 2020.

A esse propósito, os dois trocaram algumas palavras sobre o próximo ano, e o primeiro-ministro falou numa eventual “pré-campanha” de Marcelo Rebelo de Sousa para as eleições presidenciais de 2021, mas o Presidente da República nada respondeu sobre esse assunto.

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