Movimentos pela desagregação de união de freguesias de Matosinhos vão à AR em Janeiro

Juntas, as freguesias Senhora da Hora e São Mamede de Infesta têm mais de 51 mil habitantes.

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PAULO PIMENTA / PUBLICO

Os movimentos pela desagregação das freguesias Senhora da Hora e São Mamede de Infesta, Matosinhos, querem explicar à Assembleia da República porque rejeitam viver numa “mega freguesia”, cujo presidente “tem tanto poder que parece a rainha de Inglaterra”.

Em declarações à agência Lusa, Hugo Alexandre Trindade, do Movimento pela Reposição da Freguesia da Senhora da Hora, e Soraia Ribeiro, do Movimento Pela Reposição da Freguesia de São Mamede de Infesta, avançaram nesta quinta-feira que, em Janeiro, vão reunir-se com os líderes das diferentes bancadas da Assembleia da República para pedir a separação das freguesias.

“O objectivo é sensibilizar os partidos para a necessidade de rever o mapa de freguesias. Nada nos move contra as freguesias que não se querem desunir, mas, a bem da liberdade e da democracia, há freguesias que se querem desunir como é o nosso caso”, disse Hugo Alexandre Trindade.

Segundo aquele porta-voz, “a união da Senhora da Hora e de São Mamede de Infesta não trouxe qualquer vantagem para estas populações: o presidente tem tanto poder que parece a rainha de Inglaterra”.

De acordo com estes movimentos, juntas, a Senhora da Hora e São Mamede de Infesta, freguesias do concelho de Matosinhos, distrito do Porto, têm “mais de 51 mil habitantes”, um número que Soraia Ribeiro considera que “ultrapassa qualquer bom senso”.

“Há uma enorme falta de proximidade entre a junta de freguesia e os cidadãos. Estamos a falar de uma mega freguesia que junta duas cidades. Estamos a falar de uma união que não faz sentido”, apontou a representante do Movimento Pela Reposição da Freguesia de São Mamede de Infesta, enquanto o seu homólogo da Senhora da Hora lembra que esta é “a sexta maior união de freguesias do país”, estando em causa uma realidade “maior do que 21 concelhos do país”.

“Aumentaram os problemas e diminuíram as respostas às pessoas. Disseram que a união de freguesias ia gerar poupança, mas as duas juntas [referindo-se aos edifícios] continuam abertas, os funcionários os mesmos, as contas de luz e água iguais. Portanto, perdemos uma assembleia de freguesia, perdemos deputados locais, mas o território aumentou. E essas pessoas não são remuneradas. Tornou-se tudo ingovernável”, argumentou Hugo Alexandre Trindade.

Estes movimentos reuniram recentemente com a presidente da Câmara de Matosinhos, a socialista Luísa Salgueiro, a qual, segundo disse à Lusa Hugo Alexandre Trindade, “mostrou-se solidária com a causa”.

A 15 de Outubro de 2018, a Assembleia da União das Freguesias de São Mamede de Infesta e Senhora da Hora aprovou, com 18 votos a favor e três abstenções, uma proposta a pedir a desagregação.

Já a 12 de Novembro do ano passado, a Assembleia Municipal de Matosinhos deliberou por unanimidade esta desagregação com os deputados do PSD e dois independentes a abandonarem a sala em protesto.

Estas reivindicações também já geraram uma petição com mais de 4000 assinaturas que pede que a “voz do povo será ouvida e respeita”.

O concelho de Matosinhos tinha, em 2013, 10 freguesias, sendo que com a reforma administrativa passou a ter quatro uniões de freguesias.

Os movimentos falam em duas cidades com identidades, património e dinâmicas próprias e prometem realizar iniciativas para consciencializar a população para a necessidade da reposição das duas freguesias.

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