Benfica conseguiu esbanjar o que parecia impossível

Com uma má gestão de jogo de Bruno Lage, os “encarnados” desperdiçaram uma vantagem de dois golos em Leipzig e estão fora dos “oitavos” da Champions.

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O desalento dos jogadores do Benfica após o jogo,O desalento dos jogadores do Benfica após o jogo LUSA/FILIP SINGER,LUSA/FILIP SINGER
Pizzi marcou um dos golos do Benfica
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Pizzi marcou um dos golos do Benfica LUSA/FILIP SINGER
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A festa dos jogadores do RB Leipzig Reuters/MATTHIAS RIETSCHEL
,En Avant de Guingamp
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Momento do jogo entre o RB Leipzig e o Benfica Reuters/MATTHIAS RIETSCHEL
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Bruno Lage Reuters/MATTHIAS RIETSCHEL
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Taarabt LUSA/FILIP SINGER

O jogo era decisivo, a vitória obrigatória e no momento certo parecia que o melhor Benfica tinha surgido. Mas, de forma incompreensível, os “encarnados” esbanjaram o que parecia impossível. Na Alemanha, país onde os benfiquistas tinham sido derrotados nos 11 jogos disputados na prova, Pizzi e Carlos Vinícius colocaram o Benfica a ganhar por 2-0 ao fim de uma hora, mas quando parecia que o RB Leipzig estava KO, uma medíocre gestão de jogo recolocou os alemães na luta: com golos sofridos aos 90’ e 90’+5’, as “águias” deixaram-se empatar e hipotecaram as hipóteses de chegarem aos oitavos-de-final da Champions. Com a igualdade (2-2), o melhor que o Benfica pode conseguir é apurar-se para a Liga Europa, mas para isso dependerá apenas de si. 

Poucos minutos antes do árbitro espanhol Gil Manzano apitar para o pontapé de saída da penúltima partida do Benfica no Grupo G, a notícia que chegava da Rússia ajudava a clarificar as contas dos “encarnados”. Se, por um lado, a vitória do Zenit frente ao Lyon era favorável para os benfiquistas na luta por um lugar nos oitavos-de-final, por outro reforçava o carácter decisivo do duelo na Alemanha: se não vencesse, o Benfica ficava fora da fase seguinte da Liga dos Campeões.

A surpresa Taarabt

Bruno Lage, no entanto, definiu a sua equipa ainda antes de saber o que tinha acontecido em São Petersburgo. Depois de nos quatro primeiros jogos no grupo ter surpreendido nas escolhas que fez para o “onze”, na “final” de Leipzig Lage apostou na lógica, mas tinha uma pequena surpresa reservada para a equipa inicial: Taarabt foi titular e Florentino ficou no banco.

Com a troca do internacional sub-21 português pelo marroquino, Lage mantinha a sua equipa desenhada em 4x2x3x1, mas o centro do meio-campo, formado por Gabriel e Taarabt, ficava com um maior pendor ofensivo. De resto, nada de novo: André Almeida e Pizzi deixavam de estar proscritos na Liga Campeões; Chiquinho jogava no apoio a Carlos Vinícius.

Do outro lado, cinco vitórias consecutivas com um saldo de 24 golos marcados e quatro sofridos deixavam Julian Nagelsmann, o mais jovem treinador da Liga dos Campeões, a transbordar confiança — o técnico alemão não teve pudor em assumir que a sua equipa era a favorita —, mas até ao minuto 89 Lage tirou com mestria proveito das debilidades do RB Leipzig. Porém, no fim foi Nagelsmann que sorriu.

Com uma média de idades de 23 anos — o guarda-redes Gulácsi, com 29 anos, foi o mais velho no “onze” — os alemães tinham no sector defensivo o seu calcanhar de Aquiles e as ausências de dois habituais titulares (Halstenberg e Mukiele) reforçaram as debilidades germânicas. Sabedor disso, o Benfica ofereceu o domínio territorial ao rival, mas com um bom controlo defensivo, conseguiu criar boas plataformas de ataque. E foi assim que surgiu o primeiro golo: aos 20’, após uma jogada rápida entre Grimaldo, Taarabt e Vinícius, Upamecano cortou para zona proibida e Pizzi agradeceu para marcar.

O “chapéu” de De Tomás

A vencer, o Benfica ganhou confiança, que foi sendo reforçada pela categoria de Vlachodimos. Sempre que os alemães conseguiam contornar a fiabilidade defensiva benfiquista, o guarda-redes grego resolvia o problema com qualidade.

O intervalo não trouxe qualquer mudança ao sentido do jogo. Com mais bola, o RB Leipzig ia surgindo perto da área do Benfica, mas quase sempre com tiros de pólvora seca. Se na defesa a competência “encarnada” anulava os trunfos alemães, no ataque os benfiquistas penalizavam as ingenuidades da equipa germânica com golos. Depois do erro de Upamecano na primeira parte, uma escorregadela de Klostermann em cima da hora de jogo abriu uma auto-estrada para Vinícius e o brasileiro, na cara de Gulácsi, finalizou com frieza.

Com 2-0, o Benfica passava a depender apenas de si para garantir o lugar nos “oitavos” e, aos 84’, Raúl de Tomás esteve perto do terceiro — um “chapéu” do meio-campo seria um dos golos do ano. Todavia, com muitos jogadores “encarnados” em dificuldades físicas (Bruno Lage fez apenas a segunda substituição no minuto 92’), o Benfica voltou a ser a equipa banal de outros jogos na Champions e deitou tudo a perder. Poucos segundos antes de entrar no período de descontos, um penálti de Rúben Dias foi aproveitado por Fosberg para reduzir e, pouco depois, o sueco bisou de cabeça.

Com uma péssima gestão do jogo na ponta final, o Benfica volta a falhar a nível internacional.

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