Arguido diz que avisou André Geraldes da visita à Academia de Alcochete

Bruno Jacinto é um dos três arguidos acusados de “autoria moral” do ataque, juntamente com Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting, e Mustafá, líder da claque Juventude Leonina.

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Alguns arguidos na chegada ao Tribunal do Monsanto LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Bruno Jacinto, arguido no processo do ataque à Academia do Sporting, garante que avisou André Geraldes, ex-director-geral do clube, da visita da claque a Alcochete. Nesta segunda-feira, na primeira sessão do julgamento, o ex-oficial de ligação aos adeptos foi o único a querer falar perante o colectivo de juízes e recordou a forma como informou a estrutura directiva do clube da visita à Academia, no dia 15 de Maio de 2018.

Bruno Jacinto explicou que chegou a Lisboa no dia do ataque, e que, pelas 14h00, teve conhecimento, através de uma mensagem de texto enviada por Tiago Silva (membro da direcção da Juventude Leonina), de que alguns elementos da claque iriam à Academia, mas “sem dizer o que iam lá fazer”. Bruno Jacinto disse não se lembrar se Tiago Silva lhe tinha pedido segredo e sublinhou que não teve noção “de quantas pessoas” é que se iriam deslocar até Alcochete nem da intenção dos adeptos – algo que reforçou durante o interrogatório, chegando mesmo a dizer que “não podia adivinhar” o que acabaria por acontecer.

O arguido explicou que “reportou esta situação por mensagem” ao então director-geral do clube, André Geraldes, e acrescentou que ter dito, posteriormente, a um spotter da PSP que desconhecia qualquer ida à Academia se deveu a “não ter avaliado bem a situação”. O arguido disse, também, que, desde a sua criação, em 2004, as claques já tinham ido à Academia quatro a cinco vezes, recusando tratar-se de uma situação inédita.

Bruno Jacinto contou, ainda, que, quando chegou à Academia, após o ataque, viu cinco elementos da claque, arguidos no processo, entre os quais Fernando Mendes, a falarem com o jogador William Carvalho e outros elementos do staff do clube. Questionou sobre o que se tinha passado e disse a Fernando Mendes, ex-líder da claque, que o que se passou “não devia ter-se passado”.

O julgamento decorreu sob fortes medidas de segurança, no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, e terminou com a juíza a anunciar a audição a testemunhas na terça e quinta-feira. Nestes dois dias, todas as testemunhas serão militares da Guarda Nacional Republicana.

"Quando achar relevante, falo de certeza"

Bruno de Carvalho preferiu, nesta fase do julgamento, não prestar declarações à juíza do processo, decisão que, garante, não será definitiva. “Quando achar que é relevante, falo de certeza. É certo que falarei durante o julgamento”, afirmou o ex-presidente do Sporting à saída do tribunal de Monsanto.

A defesa do antigo dirigente quer que o ataque à academia de Alcochete seja reconstituído. Pela primeira vez, Bruno de Carvalho explicou porquê: “Gostava de mostrar lá, in loco, que os jogadores podiam ter sido colocados em segurança.” 

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