Pedro Abrunhosa, mutante sem mudar de pele

Cantor despediu-se de uma série de quatro concertos nos coliseus numa versão mais depurada e crua da sua música. As palavras ergueram-se, o suor perdeu força e viu-se e ouviu-se um Abrunhosa reinventado que valeu a pena conhecer.

Por estes dias, em Lisboa e no Porto, ouviu-se um outro Abrunhosa que continua a ser profundamente Abrunhosa Paulo Pimenta
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Por estes dias, em Lisboa e no Porto, ouviu-se um outro Abrunhosa que continua a ser profundamente Abrunhosa Paulo Pimenta

Que um concerto de Pedro Abrunhosa no Coliseu do Porto acaba invariavelmente em apoteose não é novidade para ninguém – ele está no seu reduto de incondicionais, onde tudo se espera, tudo se celebra, tudo se perdoa. O concerto deste sábado à noite acabou assim, mas nem por isso se pode dizer que foi por repetir um daqueles momentos como o que o disco ao vivo de 2011 captou. Abrunhosa mudou de pele, trocou o suor pela quietude, o ritmo pelas palavras, a energia pela subtileza e apresentou ao seu público uma música mais depurada, mais sensível e mais poética sem jamais ter abdicado da sua essência. Assumiu uma pose de mutante sem mudar de ADN, optou por “mudar de pele”, como reconheceria lá para o final, sem se desfazer do legado de R&B, ou do jazz ou da pop versão Comité Caviar.