Jovem muçulmana impedida de jogar por se recusar a mostrar os braços

Clube Basquetebol de Tavira está a ponderar organizar, no próximo domingo, uma manifestão pública de repúdio contra a atitude de equipa de abritragem

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Markus Spiske

Uma jovem muçulmana de 13 anos terá sido impedida de participar num jogo de basquetebol no domingo, no Algarve, por se recusar a mostrar os braços. Apesar de os regulamentos da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) preverem já expressamente a possibilidade de os jogadores muçulmanos cobrirem parte da cabeça e do corpo, Fatima Habib, que é natural do Paquistão e vive há perto de cinco anos em Tavira, não foi autorizada a entrar em campo num jogo entre o Clube de Basquetebol de Tavira e o Imortal Basket Clube por estar a usar uma camisola de mangas compridas debaixo do equipamento, conta o Jornal de Notícias esta quarta-feira.

Foi a equipa de arbitragem do jogo que a mandou sair do campo. Segundo o jornal, Fatima ainda se propôs a arregaçar as mangas até aos cotovelos para poder continuar a jogar, mas a equipa da arbitragem, constituída por “mulheres jovens”, de acordo com o treinador do Clube de Futebol de Tavira, não aceitou.

Uma atitude que vai contra as regras da FIBA, que há dois anos e meio fez uma adenda ao regulamento para permitir que acessórios, como o lenço islâmico ou hijab, possam ser usados desde que não cubram “inteiramente ou parcialmente qualquer parte da cara (olhos, nariz, lábios, etc.)”. O regulamento prevê ainda que sejam usadas mangas de compressão nos braços e collants nas pernas da cor do equipamento, pretos ou brancos.

A Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) negou que a jovem tenha sido impedida de jogar. “Apenas lhe foi dito que tinha que se apresentar com o equipamento adequado, o que não aconteceu. A jogadora tinha um lenço pendurado na cabeça que lhe tapava o número da camisola nas costas e uma t-shirt por baixo do equipamento. Não tinha mangas de compressão nos braços, mas uma camisola que as outras jogadoras também não estavam autorizadas a usar”, justificou o presidente do Conselho de arbitragem desta federação, António José Coelho.

Em comunicado, a FPB garante que o treinador desta equipa tinha sido alertado para esta situação numa outra partida, dizendo que os regulamentos do órgão federativo permitem aos atletas utilizar equipamento de acordo com as suas convicções religiosas, “desde que o mesmo garanta a liberdade de movimentos e assegure a segurança dos intervenientes nos jogos”. 

O treinador do Clube de Futebol de Tavira, André Pacheco, especulou que o comportamento da equipa de arbitragem se terá ficado a dever à presença de um “observador” na mesa de oficiais, até porque um dos membros da equipa de arbitragem já tinha apitado o jogo anterior da equipa sem pôr em causa a indumentária de Fatima. André Pacheco acrescentou o clube está agora pensar organizar uma “manifestação colectiva”, no próximo jogo, no domingo, para demonstrar o seu repúdio pelo que aconteceu.

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