Instagram vai acabar com likes nos EUA, que passam a ser “privados”

O objectivo é tirar a pressão dos utilizadores mais jovens que usam a aplicação. Desde Abril que diversos utilizadores da aplicação móvel no Brasil, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Japão, Irlanda e Itália também já não vêem a contagem de “gostos” nas suas fotos.

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O Facebook também já admitiu ponderar esconder o número de "gostos" Paulo Pimenta

Os utilizadores do Instagram nos EUA vão deixar de ver o número de “gostos” que outras pessoas têm nas fotografias e vídeos que publicam já a partir da próxima semana. O objectivo é levar as pessoas que usam a aplicação a estarem focadas no conteúdo que é partilhado e não na sua popularidade. Desde Abril que parte dos utilizadores da aplicação móvel no Brasil, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Japão, Irlanda e Itália já não vê a contagem.

A junção dos EUA à lista foi anunciada este sábado pelo próprio Adam Mosseri, presidente executivo da rede social, durante um evento promovido pela revista de tecnologia Wired nos EUA. Para Mosseri, não se trata do fim dos likes mas do aparecimento de likes privados”.

“Os utilizadores podem ver quantas pessoas gostam das suas fotografias. Mas mais ninguém vê o número”, clarificou o líder da rede social em palco. O teste faz parte da estratégia do Facebook, que é dono do Instagram desde 2012, para mostrar que a rede social se preocupa com a saúde mental dos seus utilizadores.

Nos últimos anos, as empresas por detrás de grandes redes sociais têm sido alvo de atenção negativa pela forma como motivam as pessoas a passar mais tempo a utilizar os seus serviços. Por exemplo, um pequeno estudo publicado este ano na revista académica Psychological Science (com base em 32 adolescentes norte-americanos entre os 13 e os 18 anos) nota que os adolescentes dão mais atenção a fotografias com mais gostos independentemente do conteúdo (comida, amigos, álcool e tabaco). Os autores também concluem que ver uma publicação com muitos gostos tem o mesmo efeito no cérebro dos jovens que ganhar uma grande quantidade de dinheiro.

“O nosso foco são as pessoas mais novas”, admitiu Mosseri, em palco: “A ideia é tirar a pressão do Instagram. Tornar as coisas menos competitivas, criar espaço para as pessoas conectarem-se as pessoas de que gostam e coisas que as inspiram.”

A decisão do Instagram surge numa altura em que a rede social acumula críticas de glamorizar comportamento autodestrutivo. Em Maio, uma jovem de 16 anos na Malásia suicidou-se com base nos resultados de uma sondagem no Instagram. No começo do ano, a rede social também começou a esconder publicações que mostram actos de automutilação (as fotografias em questão passam a estar desfocadas até que um utilizador escolha vê-las voluntariamente) depois de críticas de encarregados de educação sobre a popularidade de fotografias que mostram comportamentos destrutivos naquela aplicação. 

Ainda assim, a proibição do número de gostos não é total e há várias formas de continuar a ver “gostos” no Instagram. De acordo com tutoriais de utilizadores brasileiros, o número de “gostos” apenas desaparece da aplicação móvel (ou seja, a contagem continua acessível no site) e há várias aplicações que podem ser descarregadas para se continuar a ver informações sobre a conta dos amigos, incluindo o número de “gostos” que essas contas recebem. 

Em Setembro, o Facebook também admitiu ponderar esconder o número de reacções (sejam “gostos”, reacções de “ira”, “amor”, “tristeza” ou “surpresa”) que os utilizadores vêem no site.

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