Matos Fernandes, o ministro ilusionista

O que o sr. ministro anunciou não passa de um truque de ilusionismo barato – tirar água ao Tejo para a devolver ao Tejo com todos os impactes ambientais com a nova barragem.

O ministro do Ambiente é um fenómeno. Ele não via falta de água no Tejo mas, confrontado na TVI com as imagens do rio sem água, o que fez? Resolveu falar da falta de chuva, do que disse ter feito há dois anos contra os poluidores (sem que nenhum deles tivesse sofrido qualquer consequência), da falta de um governo (?) em Espanha (como se o atual não fosse governo) e dali não saiu. Melhor dito, saiu. É a “nova” técnica dos governantes – falar do que vão fazer… Vai mandar fazer uma barragem, virando costas a Castela, como a Nossa Senhora do Almortão? Não, favorecendo o lobbie hidroelétrico espanhol…

Entrou na entrevista todo pimpão, a anunciar a tal barragem, o que será uma hipótese e, no caso, muito má, pois havendo água no Tejo em Espanha não se compreende que o senhor ministro não tenha uma única palavra em relação à sua homóloga no sentido de desmascarar a trafulhice que é enviar para a Lusitânia água à fartazana quando ela não é precisa e não enviar quando as empresas hidroelétricas dela precisam para os seus negócios... belos amigos. 

O que o sr. ministro anunciou não passa de um truque de ilusionismo barato – tirar água ao Tejo para a devolver ao Tejo com todos os impactes ambientais com a nova barragem.

Mas o mais interessante por parte deste patriota é que sobre os campos de golfe no Algarve e as estufas no perímetro de rega do Mira, lampeiro, fugiu ao tema, defendendo-se dizendo que vinha para falar de água e não do abacate, dos campos de golfe ou do aumento da área de estufas, tudo assuntos do seu ministério, por mero acaso.

Confrontado com as condições absolutamente degradantes para os trabalhadores (quase todos migrantes, que passam a viver numa área de 3,43 m2 por pessoa), fugiu para os anúncios da barragem.

Este ministro é um achado ambiental, na medida em que plana sobre os problemas sem nunca tocar com os pés na terra ou na água...

Para se ser ministro do Ambiente, pelos vistos, é preciso ser um porreiraço que compreende as dificuldades dos camaradas do governo do PSOE, a instabilidade da Espanha, as dificuldades das empresas hidroelétricas em ganhar mais uns patacos e que fecha os olhos ao que se passa no Algarve com a loucura das plantações da pera abacate, ao aumento de campos de golfe e à manutenção da área já bastante das estufas no perímetro de rega do Mira. Tudo minudências. Belo ministro. Um verdadeiro ilusionista.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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