Michael Bloomberg promete “gastar o que for preciso” para derrotar Trump

Magnata dos media e antigo presidente da Câmara de Nova Iorque está preocupado com a queda de Joe Biden e a ascensão da progressista Elizabeth Warren nas primárias do Partido Democrata. Candidatura ainda não é oficial, mas os primeiros papéis foram entregues esta sexta-feira.

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Michael Bloomberg foi mayor de Nova Iorque após os atentados de 11 de Setembro de 2001 LUSA/SHAWN THEW

O multimilionário norte-americano Michael Bloomberg, dono de uma das dez maiores fortunas do mundo, admite entrar na corrida do Partido Democrata para a escolha do adversário de Donald Trump nas eleições de 2020. Bloomberg, que foi presidente da Câmara de Nova Iorque em três mandatos consecutivos após os atentados de 11 de Setembro de 2001, quer ser uma alternativa à candidatura do centrista Joe Biden, que começa a ser posta em causa por candidatos progressistas como Elizabeth Warren e Bernie Sanders.

O magnata dos media, de 77 anos, ainda não anunciou que é candidato às eleições primárias no Partido Democrata, mas entregou esta sexta-feira os papéis para poder concorrer à eleição no estado do Alabama, a 3 de Março.

O calendário das eleições para a escolha do candidato oficial do Partido Democrata à Casa Branca está definido há meses, mas a data limite para a entrega das candidaturas varia de estado para estado. As primárias no Alabama estão marcadas para 3 de Março, mas o estado é o primeiro a encerrar o processo de candidaturas, o que acontece esta sexta-feira.

Nos EUA não é obrigatório que os candidatos estejam nos boletins em todos os estados, mas é difícil que alguém vença a longa e difícil corrida faltando a alguma das etapas. O último dia de inscrições para as eleições primárias de 2020 no Partido Democrata é 28 de Janeiro, mas quem esperar por essa altura só poderá concorrer à eleição no estado do Wisconsin, a 7 de Abril.

Democrata, republicano, independente

Para além de ter uma fortuna avaliada pela revista Forbes em 55 mil milhões de dólares (50 mil milhões de euros, mais 47 mil milhões de euros do que Donald Trump), Michael Bloomberg é conhecido por doar milhões a políticas próximas do Partido Democrata, como o controlo das armas, o combate às alterações climáticas, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a defesa do aborto.

Em 2001, interrompeu a sua ligação de décadas ao Partido Democrata e concorreu a mayor de Nova Iorque pelo Partido Republicano. Foi reeleito em 2005, também como republicano, e outra vez em 2009, já como independente, depois de uma alteração nas leis da cidade que permitiu o cumprimento de três mandatos consecutivos.

Regressou ao Partido Democrata em 2018, depois de ter alimentado rumores de candidaturas à Casa Branca em 2008, 2012 e 2016 como independente. Em Janeiro de 2016, falou-se na hipótese de Bloomberg ser um terceiro candidato se Donald Trump e Bernie Sanders fossem escolhidos como representantes dos principais partidos.

O magnata considera que a sua fortuna pode ser um trunfo numa possível candidatura pelo Partido Democrata, já que promete fazer campanha apenas com dinheiro próprio – nas três eleições para a Câmara de Nova Iorque, na década de 2000, gastou um total superior a 200 milhões de dólares (180 milhões de euros) do seu bolso.

Os mais próximos de Bloomberg dizem que a combinação de políticas sociais progressistas com políticas económicas conservadoras pode fazer do magnata um candidato de peso nas eleições primárias do Partido Democrata – e, mais tarde, nas eleições gerais contra o Presidente Trump. Esta sexta-feira, o site Axios avançou que Michael Bloomberg está “disposto a gastar o que for preciso para derrotar Donald Trump”.

Em vez de Joe Biden

A vontade de entrar na corrida estará ligada ao desgaste de Joe Biden no papel de favorito à nomeação, o que aumenta a probabilidade de a escolha no Partido Democrata vir a ser feita entre dois candidatos mais à esquerda. De acordo com a sondagem mais recente para o estado do Iowa (o primeiro a fazer a sua escolha, em Fevereiro), a senadora Elizabeth Warren está na frente com 20% das intenções de voto e Joe Biden surge em 4.º com 15%, atrás do senador Bernie Sanders e do mayor de Southbend (Indiana), Pete Buttigieg.

O antigo vice-Presidente dos EUA ainda surge como favorito na maioria das sondagens, mas Warren e Sanders têm-se aproximado do topo à medida que o nome de Biden é arrastado para a história à volta do processo de impugnação contra o Presidente Trump. Se os congressistas do Partido Republicano vierem a ser autorizados, pela maioria do Partido Democrata, a chamar testemunhas durante a fase de audições públicas, a partir da próxima semana, é provável que muitas delas tentem associar Joe Biden e o seu filho, Hunter Biden, a suspeitas de corrupção na Ucrânia – ainda que sejam infundadas, essas suspeitas podem criar a impressão de que Biden chegará enfraquecido a uma possível eleição contra Donald Trump.

Mas é também possível que uma candidatura de Michael Bloomberg seja mal recebida pelos eleitores do Partido Democrata.

Para além de ter sido eleito pelo Partido Republicano em Nova Iorque, Bloomberg tem dito que não concorda com muitas das propostas de Elizabeth Warren, que se apresenta como o terror dos multimilionários e pôs à disposição deles uma calculadora para descobrirem quanto vão ter de pagar em impostos numa Administração Warren. Entre os opositores às propostas de Warren, que têm conquistado cada vez mais apoio entre os eleitores do Partido Democrata, estão outros multimilionários como Bill Gates, Mark Zuckerberg ou Leon Cooperman.

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