Europeu arranca em Lisboa com guerra declarada entre federações

Ricardo Oliveira, presidente da FPP, acusa o presidente da FIP de pagar a jogadores espanhóis para jogarem numa competição que se vai disputar nesta semana em Roma.

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Paulo Pimenta

O desporto é o mesmo, mas a partir de esta segunda-feira, em Lisboa e em Roma, vão iniciar-se dois Campeonatos da Europa. O que se vai disputar em Portugal, no Lisboa Racket Centre, é organizado pela European Padel Association (EPA), federação europeia criada há um ano; o que terá lugar em Itália está sob a égide da International Padel Federation (FIP). Ricardo Oliveira, presidente da Federação Portuguesa de Padel (FPP) e um dos cinco membros da direcção da EPA, garante que a selecção de Espanha, a grande potência europeia do padel, apenas estará representada em Lisboa e que a prova que se vai realizar em Roma é “mais um embuste” de Luigi Carraro, o presidente da FIP.

É um diferendo que se arrasta há um ano, quando Luigi Carraro foi eleito presidente da FIP, e terá esta semana mais um capítulo com uma divisão no padel europeu. Em Lisboa, o Campeonato da Europa contará com a presença de 15 selecções na variante masculina e 11 na feminina, mas de fora ficaram a Itália e a França, países que optaram por participar no Europeu organizado pela FIP, federação que, no final da semana passada, anunciou que a Espanha também estaria presente na competição em Roma.

No entanto, Ricardo Oliveira garante que isso é “mais um embuste” de Luigi Carraro. Em declarações ao PÚBLICO, o presidente da FPP alega que “os seis jogadores que são de nacionalidade espanhola e que vão estar em Itália não estão a representar a Espanha de maneira nenhuma”. “Vão jogar num torneio que inventaram de pares, onde toda a gente pode jogar com quem lhe apetecer e foram pagos pelo presidente da FIP. Pagou-lhes as despesas todas mais cachet para irem a Roma e ele não passar a maior vergonha da vida dele.”

Ricardo Oliveira acrescenta que “os espanhóis que lá vão estar são terceiras linhas e vão estar lá particularmente”, adiantando que “são todos patrocinados pela marca Star Vie”, e que, “por coincidência, o seleccionador espanhol é o director dessa equipa”. “Ele fez questão de dizer que não passasse pela cabeça desses jogadores jogarem com as cores da Espanha ou com a bandeira espanhola, já que não o podiam fazer. A selecção espanhola vai jogar a Lisboa onde, por acaso, ele é o seleccionador”, sublinha.

Sobre as selecções que vão estar em Itália, o presidente da FPP diz que “os jogadores do Mónaco nem sequer têm passaporte do Mónaco”, sendo “uma selecção inventada ao arrepio do que são os regulamentos olímpicos e internacionais”, enquanto na equipa de São Marino haverá “alemães e argentinos”. “Um dia antes de a prova começar, ninguém sabe que equipas é que participam. Eles não comunicam. Não há um sorteio, não há nada. Andam a tentar arranjar alguma coisa para se desculparem da vergonha que vão passar. As equipas europeias estão em Portugal.”

Apelidando Luigi Carraro de um “ditador absoluto” que “só quer guerras”, “divide para reinar” e “não cumpre os estatutos e os regulamentos”, Ricardo Oliveira admite que as federações que formam a EPA vão avançar com uma acção no TAS (Tribunal Arbitral do Desporto), com o objectivo de afastar Carraro da liderança da FIP: “Vamos tentar que se vá embora e, se não conseguirmos, porque ele quer aplicar um sistema de votos que vai contra o que diz a lei suíça, onde está sediada a FIP, vamos ter de ir para o TAS. Como é que este senhor se mantém no poder? Existe um grupo de cinco países sul-americanos, que são os países mais antigos da FIP, que têm 12 votos cada um. Depois, países como a França, que tem sozinha mais jogadores e mais campos do que esses cinco juntos, tem apenas um voto. Esses cinco têm 60. Como esse senhor se juntou a essa quadrilha, é difícil conseguir ter a maioria para o tirar de lá.”

Admitindo que a EPA está “desejosa de receber a França e a Itália”, Ricardo Oliveira salienta que a diferença de posições ainda é “um bocadinho uma guerra entre o ténis e o padel”. “Estas duas potências do ténis têm o padel na alçada delas e fazem guerra contra os países que têm padel. Já vivemos isso em Portugal. Felizmente, hoje está sanado e não há nenhum desentendimento entre a federação de ténis e a de padel. Enterrámos os machados e convivemos em paz. Enquanto estiver este presidente da FIP será difícil, porque ele faz tudo menos conciliar.”

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