Presidente do Chile pede a ministros que ponham cargos à disposição

Após uma manifestação pacífica que juntou mais de um milhão de pessoas na capital, Sebastián Piñera promete um Governo “capaz de enfrentar as novas exigências”.

Sebastián Piñera
Fotogaleria
Houve "caçarolada" e outras formas de protesto Henry Romero/REUTERS
Demonstração
Fotogaleria
Parte da manifestação de sexta-feira Ivan Alvarado/REUTERS
Sebastián Piñera
Fotogaleria
Adolescente posa com os soldados em fundo Edgard Garrido/REUTERS
2019 protestos chilenos
Fotogaleria
Fotografia aérea da Praça Itália, em Santiago Rodrigo Saez/EPA

O Presidente do Chile, Sebastián Pinera, pediu este sábado a todos os ministros do seu Governo que coloquem os cargos à disposição, após a enorme manifestação de sexta-feira que juntou 1,2 milhões de pessoas em Santiago, a capital, contra a desigualdade do sistema político e económico do país. E, embora se mantenha o estado de excepção, esta noite não haverá recolher obrigatório.

“Pedi a todos os ministros que ponham os cargos à disposição para poder estruturar um novo gabinete capaz de enfrentar as novas exigências e adequar-se aos novos tempos”, declarou Piñera, citado pelo jornal La Tercera. As mudanças de governo poderão estar completas entre domingo e segunda-feira, dizem fontes do palácio presidencial de La Moneda.

Piñera, que prometeu “um novo contrato social” para o Chile, com um aumento do salário mínimo e das pensões, correcções no reduzido sistema de saúde público chileno e não aumentar o preço da tarifa do metro de Santiago, foi forçado a pedir desculpa aos cidadãos pela retórica que usou, referindo-se aos que protestavam como “o inimigo”.

Antes, o Presidente impôs o estado de excepção, trazendo à tona memórias ainda muito vivas do tempo da ditadura militar de Pinochet. Enviou o exército para a rua para reprimir os protestos, e houve autênticas batalhas campais entre grupos de manifestantes, polícia e Exército, que não olhou a meios para pôr fim aos distúrbios. Pelo menos 19 pessoas morreram durante os confrontos, há mais de 500 feridos, 7000 pessoas foram detidas e, segundo a Reuters, há danos superiores a 1400 milhões de dólares para a economia chilena.

No meio de greves convocadas por vários sectores da economia – desde as minas até aos camionistas – e de ampla condenação internacional pela violência como os protestos foram reprimidos, surgem múltiplas denúncias de violações de direitos humanos cometidas por polícias e militares.

A manifestação de sexta-feira em Santiago era antecipada com muita expectativa para verificar se escaparia ao carácter violento em que degeneraram os protestos da última. Porém, a marcha decorreu de forma pacífica. Os episódios de maior violência ocorreram em Valparaíso, quando um grupo de manifestantes tentou furar o cordão policial para invadir o Congresso. O edifício acabou por ser evacuado e a polícia recorreu a gás lacrimogéneo para dispersar a multidão.

Sugerir correcção
Ler 31 comentários