Japão mobiliza milhares de militares para socorrer vítimas do tufão Hagibis

Tempestade fez os rios transbordar das marchas e trouxe chuva com consequências potencialmente catastróficas. Foi a maior a afectar o país nos últimos anos.

,Tufão Hagibis (tufão No. 19)
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Muitas pessoas ficaram isoladas e foram retiradas por via aérea Kyodo/REUTERS
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Depois da água fica a lama, como aqui, em Myagi Kyodo/REUTERS
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Vista geral das cheias em Nagano, no Japão central, depois de o rio Chikuma ter transbordado as margens,Vista geral das cheias em Nagano, no Japão central, depois de o rio Chikuma ter transbordado as margens Kyodo/REUTERS,Kyodo/REUTERS
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Ondas de tempestade causadas pelo tufão FRANCK ROBICHON/EPA
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Pelo menos 27 mil militares das Forças de Autodefesa do Japão e trabalhadores de serviços de emergência foram mobilizados no Japão este domingo para salvar pessoas deixadas isoladas e para lutar contra os efeitos das chuvas e cheias provocadas pelo tufão Hagibis – um dos piores a atingir o país na história recente.

Pelo menos 33 pessoas morreram e 170 ficaram feridas, de acordo com o último balanço oficial, e 17 pessoas estão desaparecidas. Há 177 feridos e cerca de 370 mil casas ficaram sem electricidade, 15 mil sem abastecimento de água. Muitas pessoas foram salvas de barco ou de helicóptero – mas uma idosa que estava a ser retirada de via aérea de um local onde estava isolada, em Iwaki, na região de Fukushima, caiu de uma altura de 40 metros e morreu.

Um cargueiro que estava ancorado ao largo de Kawasaki, a sul de Tóquio, foi encontrado afundado perto da capital, depois de as autoridades lhe terem perdido o rasto, diz a Reuters. Os media relatam que pelo menos cinco dos 12 tripulantes morreram.

As rajadas de vento do Hagibis – uma palavra que quer dizer “veloz” na linguagem filipina tagalog – chegaram a 200 km/hora em Tóquio, relata a Agência Meteorológica do Japão, citada pela Lusa. A chuva foi tanta a que a agência emitiu um alerta de “chuva máxima”, reservado para situações de “previsível catástrofe”.

A televisão pública NHK noticiou que o tufão fez transbordar das margens de 142 rios e grandes porções de várias cidades ficaram debaixo de água.

Na cidade de Sano, em Tochigi, a enchente no rio Akiyama afetou uma área residencial. Em Kawagoe, o rio Ope deixou cerca de 260 pessoas presas num lar de idosos. Por sua vez, em Tóquio, o rio Tama também excedeu o seu limite, inundando os pisos térreos de vários edifícios, incluindo um hospital.

Mais de sete milhões de pessoas foram aconselhadas a deixar as suas casas, mas o tufão paralisou os serviços de transportes na região de Tóquio, e perturbou alguns aeroportos. Por isso um de três dezenas de 30 portugueses ficou retido este fim-de-semana em Osaca, apesar de não terem sido registados grandes incidentes nesta cidade. “Os voos da Emirates para sábado e domingo foram cancelados”, disse à Lusa Isabel Parreira, um das turistas portuguesas.

Devido à lotação dos aviões, o grupo conseguirá regressar a Portugal apenas entre quarta e quinta-feira, em dois voos diferentes.

Dezenas de milhares sido acolhidas em centros de abrigo. Kiyokazu Shimokawa, de 71 anos, contou que esperou toda a noite com a sua mulher e mãe até terem sido finalmente salvos por volta das três da manhã. “Cometi o erro de pensar que desde que ficássemos no segundo andar da casa estaríamos seguros”, contou à Reuters, já num centro de acolhimento. “Quando percebemos que tínhamos de fugir, já era tarde demais – a água subiu rápido demais”.

Rie Hasegawa, de 30 anos, disse nunca ter imaginado que a cidade onde morava, bem longe de qualquer curso de água, pudesse ser inundada. “A força da água era incrível. Era escura, assustadora, achei que era o fim”, recordou.

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