Jovens polacos vão receber subsídio para não abandonarem o país

O Governo polaco anunciou que 18% dos impostos vão ser direccionados para os jovens com menos de 26 anos.

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Para receber este subsídio, é apenas necessário ter menos de 26 anos e ganhar menos de 85,528 mil zlotys (19,9 mil euros) por ano Reuters/KACPER PEMPEL

A Polónia faz parte da União Europeia há 15 anos e, desde então, cerca de 1,7 milhões de jovens saíram do país. Para evitar a crescente “fuga de cérebros” que o país enfrenta, o Governo polaco anunciou uma lei que direcciona 18% dos impostos recebidos pelo Estado para os jovens. Esta medida, que entra em vigor esta quinta-feira, 1 de Agosto, vai atingir cerca de dois milhões de polacos.

Para receber este subsídio, é apenas necessário ter menos de 26 anos e ganhar menos de 85,528 mil zlotys (19,9 mil euros) por ano — o que equivale a 7127 zlotys (1658 euros) por mês. A medida é generosa, uma vez que na Polónia o salário médio anual é cerca de 60 mil zlotys (13,9 mil euros).

O primeiro-ministro polaco, Mateusz Moraweicki, reconhece que a fuga dos jovens do país “é uma perda gigante”. “É como se toda a cidade de Varsóvia tivesse ido embora”, diz o ministro, reiterando à CNN que esta medida é capaz de trazer novas oportunidades aos jovens.

Barbara Jancewicz, chefe da Unidade de Investigação Económica da Migração do Centro de Investigação sobre as Migrações de Varsóvia, disse que a perda de jovens no país se manifesta na economia, nomeadamente na diminuição do número de trabalhadores nos últimos anos. “Precisamos destas pessoas de volta”, diz Jancewicz à CNN.

Mas ficar na Polónia depende somente do dinheiro que um jovem recebe? A jovem Kinga Kitowska, de 22 anos, analista no departamento de finanças de uma empresa em Londres, diz à CNN que o subsídio não resolve o problema. “É preciso construir oportunidades e abrir sectores atractivos aos jovens actuais”. “Eu procuro oportunidades em vez de dinheiro em curto prazo”, acrescenta.

Na Polónia, o Partido Lei e Justiça ganhou as últimas eleições europeias com 42,4% dos votos, o que reitera o cunho católico, conservador e anti-imigração do país. Entre 2015 e 2018, a Polónia desceu 40 posições no Índice Global de Liberdade de Imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras. O serviço público de comunicação transformou-se em propaganda do governo e os jornalistas enfrentam processos na justiça.

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