Caster Semenya não vai aos Mundiais de atletismo

Tribunal suíço reverte decisão e atleta sul-africana não irá defender o seu título dos 800m em Doha.

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Semenya foi campeã em Londres 2017 Reuters/Philippe Wojazer

Caster Semenya não vai estar nos próximos Mundiais de atletismo, que se realizam em Doha, no Qatar, entre 28 de Setembro e 6 de Outubro. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal da Suíça, anunciada nesta terça-feira, deixa a atleta sul-africana à mercê das regras da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), que a obrigam a tomar supressores de testosterona para competir - algo que Semenya já disse que não iria fazer.

No final de Maio passado, o mesmo tribunal tinha aceite um recurso de Semenya a suspender temporariamente a decisão do também suíço Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), a ratificar as regras da IAAF, mas acabou por também confirmar a decisão do TAD.

Semenya tem dito que não irá seguir qualquer terapêutica para alterar os seus níveis hormonais e que, nessas condições, não estará no Mundial. “Estou muito desiludida por não poder defender o título que tanto me custou a ganhar, mas isto não me vai impedir de continuar a minha luta pelos direitos humanos de todas as atletas a quem este assunto diz respeito”, disse em comunicado a sul-africana de 28 anos que já foi três vezes campeã mundial dos 800m (2009, 2011 e 2017).

Dorothee Schramm, a advogada de Semenya que lidera o processo, diz que a luta da sul-africana está longe de chegar ao fim. “A decisão do juiz não tem impacto no recurso. Vamos continuar com o recurso e a lutar pelos seus direitos humanos fundamentais. Uma corrida só se decide na meta”, declarou a advogada, também em comunicado.

Esta decisão do tribunal é mais um capítulo no longo processo que envolve Semenya, a grande dominadora dos 800m nos últimos anos e que sofre de uma condição conhecida como hiperandrogenismo, tendo uma produção natural de testosterona acima do que é considerado normal nas mulheres. Desde 8 de Maio que estão em vigor novas regras que obrigam Semenya (e outras atletas) a medicar-se para baixar os seus níveis de testosterona e, assim, poder continuar a competir nas suas provas de eleição. Em alternativa, e como esta regra abrange provas entre os 400m e os 1500m, Semenya poderia dedicar-se a distâncias mais curtas (dos 200m para baixo) ou mais longas (dos 1500m para cima).

Depois de perder um recurso no TAD no início de Maio, Semenya recorreu ao Tribunal Federal Suíço e obteve uma vitória temporária que a deixou competir durante quase dois meses. Nesse período, a sul-africana ganhou uma corrida de 800m em Palo Alto, nos EUA, com a segunda melhor marca do ano (1m55,70s). A melhor marca do ano também já era de Semenya, obtida em Doha (1m54,98s) poucos dias antes de fazerem efeito as novas regras da IAAF.

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