Em dia de apresentação, houve confiança contida no Dragão

Adeptos do FC Porto apontam algumas fragilidades à equipa, mas têm fé de que esta época será de títulos.

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Adeptos do FC Porto concentraram-se junto ao estádio ao início da tarde Gonçalo Dias

As nuvens cinzentas e aguaceiros fugazes que se faziam sentir na zona Norte do país deram tréguas aos portistas, na tarde deste sábado. No jogo de apresentação frente ao Mónaco, o sol brilhou bem forte e chamou 45 mil adeptos ao estádio para verem a formação “azul e branca” pela primeira vez em casa nesta nova época.

Um casal esperava impacientemente com o filho pela abertura de portas do Estádio do Dragão. O pequeno Martim agarrava com força um peluche do Draco, mascote dos “dragões”, que os pais lhe tinham acabado de comprar. A felicidade desmedida do petiz era partilhada pelo pai, Joel, que agitava uma bandeira do FC Porto com um sorriso rasgado. A mãe, Cátia, esforçava-se para eternizar o momento “dos seus rapazes” com a câmara do telemóvel. Podendo parecer estranha, a euforia de miúdos e graúdos ficou perfeitamente explicada numa frase.

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Adeptos portistas aproveitaram actividades preparadas pelo clube Gonçalo Dias

“É a primeira vez que vamos ver um jogo no Estádio do Dragão”, exulta Joel Pinto, ainda incrédulo. Desde 2013 que o casal está emigrado na Alemanha. Por questões de calendário, nunca conseguiu tirar férias num período em que o FC Porto jogasse no Dragão. Este ano fugiu à regra. “Chegámos ao aeroporto e, ainda antes de irmos a casa, passámos pelas bilheteiras do estádio para garantir que seria desta”, relembra Cátia, a única dos três sem qualquer adereço dos portistas. “Ela é adepta do Benfica”, justifica o marido, às gargalhadas.

Entusiasmos à parte, Joel Pinto não hesita dizer que o meio-campo “está pior” do que o da época transacta, decréscimo de qualidade que liga às mais recentes saídas e ao fair play financeiro: “Penso que foi pena o Brahimi ter saído, mas são conhecidas as dificuldades financeiras que o FC Porto tem tido, e penso que isto foi fundamental nesta saída e na do Hector Herrera. Esta época não vai ser fácil, mas esperemos que não aconteça como o ano passado [2018-19], em que desperdiçámos uma liderança confortável.”

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"Dragões" acreditam no regresso aos títulos Gonçalo Dias

“Se o não apostar agora nos jovens quando o fará?”

Sílvio Costa também aguardava pela abertura de portas no estádio. Sentado nos degraus do lado da bancada poente, matava o tempo ao telemóvel. Com um casaco preto, destoava do “mar azul” que se congregava junto ao estádio. Ao contrário da família Pinto, para o adepto de Oliveira de Azeméis, quase a completar 50 anos de sócio, este jogo não representa muito: “Só falho uma partida em casa por motivos de força maior.”

Neste meio século de associado o que mudou mais? “Hoje em dia, o beijinho na camisola é treta”, afirma, fazendo a ligação com as saídas de Herrera e Brahimi a custo zero: “Sou industrial. Se tiver um funcionário que me peça o que não posso dar, não irei abrir uma excepção. O FC Porto não podia obrigá-los a assinar. Não me deixa pena o Brahimi ter saído, era muito individualista… outro Quaresma. Pena é saírem sem dar lucro e sem recompensarem o que o clube investiu neles”.

Apesar de reconhecer a importância dos jogadores que saíram, o sócio mostra-se confiante com o plantel montado por Sérgio Conceição, pedindo que a aposta nos jogadores da formação seja uma prioridade para esta temporada. “Na minha opinião, o ataque está mais forte do que o do ano passado. No meio-campo, talvez ainda precisemos de um médio atacante para colmatar a saída do Herrera. O FC Porto tem de apostar nos jovens da formação. Se não o fizer agora, quando o fará? Tudo somado, acho que o FC Porto não está mal”.

A poucos metros do sítio onde Sílvio está sentado, Tiago Mendes, sócio dos “dragões” há duas décadas, mostra a mesma confiança: “Este ano, nota-se que a equipa está mais unida. Trabalham todos para o mesmo objectivo. Uns jogadores vão, outros ficam, mas o FC Porto existirá sempre”.

Derrota não abalou confiança

No momento de apresentação da equipa, o jovem Fábio Silva foi o que recolheu mais aplausos das bancadas, que mostraram forte apoio tanto a Danilo Pereira como a Sérgio Conceição. Os dois ter-se-ão envolvido numa discussão na concentração do plantel “azul e branco” no Algarve, mas, ao que tudo indica, esse desentendimento terá sido completamente sanado após uma reunião entre os visados e Jorge Nuno Pinto da Costa.

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Fábio Silva foi o mais aplaudido da tarde JOSE COELHO / LUSA

À saída após o desaire por 1-0 frente aos monegascos, as opiniões voltaram a dividir-se. Para Fernando Silva, o FC Porto jogou bom futebol, mas teve azar, fazendo referência ao penálti desperdiçado por Alex Telles e ao cabeceamento à barra. Dinis Silva, por sua vez, classifica a equipa dos “dragões” como “verdinha”, pedindo a Sérgio Conceição que melhore o entrosamento entre os jogadores para o início da temporada. Francisco Gadelho ficou desiludido com a exibição, garantindo que os portistas já fizeram melhores prestações nesta pré-época.

Apesar dos reparos, uma crença é comum a todos estes adeptos: este ano desportivo será melhor do que o anterior e o título de campeão voltará a residir na cidade Invicta.

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