Arquitecto português é Fotógrafo do Ano nos IPPAwards

Dois dias de férias em dois dias de nevoeiro. Diogo Lage fotografou um “orgulhoso” pavão no Palácio de Cristal, no Porto, e a Praia de Santa Rita “às riscas”, em Torres Vedras. Foi premiado na mais antiga competição de fotografia com iPhone.

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As fotos vencedoras da autoria de Diogo Lage
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"Big Sister" valeu à fotógrafa italiana o Grande Prémio Gabriella Cigliano
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"Come Across", terceiro lugar na categoria Fotógrafo do Ano Peng Hao
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"Sorry, No Movie Today", segundo lugar na categoria Fotógrafo do Ano Yuliya Ibraeva

Diogo Lage, arquitecto de 47 anos natural de Valpaços, foi distinguido com dois prémios IPPAwards (iPhone Photography Awards), a primeira e mais duradoura competição de fotografia com recurso a iPhone — existe desde 2007 — que pretende celebrar a criatividade dos utilizadores deste equipamento. A fotografia Sea Stripes ("Mar às Riscas”, em tradução livre) tirada na Praia de Santa Rita, em Torres Vedras, valeu ao português o primeiro lugar na categoria Fotógrafo do Ano. E uma madrugada nublada no Palácio de Cristal, no Porto, permitiu-lhe fotografar The Proud Peacock ("O Orgulhoso Pavão"), registo que lhe deu a primeira posição da categoria Animais.

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O fotógrafo Diogo Lage DR

Porto, Dezembro de 2017. Foi “entre o Natal e o Ano Novo”, recorda Diogo Lage, habituado a madrugar para tirar partido da altura em que a cidade fica mais “fotogénica”. O arquitecto estava de férias, desceu ao rio, mas percebeu que naquele dia a neblina “andava mais alta”. “Decidi ir atrás dela”, conta ao telefone com o P3 o autor da fotografia de um dos muitos pavões que já fazem parte da paisagem portuense. “O Palácio de Cristal estava a abrir. Acho que fui o primeiro a entrar. Fui até à avenida central dos jardins onde encontrei este pavão”. Diogo publicou a fotografia na sua conta de Instagram a 29 de Dezembro, dia em que também lançou um vídeo do momento em que o animal se pavoneava e cantava empoleirado num dos bancos de ripas de madeira. “Foi uma situação invulgar”, recorda o fotógrafo amador que, munido apenas do seu telefone, se foi aproximando do “modelo”. “Esgotei as possibilidades. Aproximei-me quase até poder fazer-lhe festas.”

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"The Proud Peacock" Diogo Lage

A fotografia a preto e branco, que ultrapassou os dois mil gostos naquela rede social, foi também um pretexto para mais algumas saídas de Diogo, iPhone SE na mão, a cidade à sua disposição — e mais alguns animais na sua mira. Para além de cavalos em Viana do Castelo e de burros em Vila do Bispo, @diogolage conseguiu, por exemplo, apanhar um porco no Parque de São Roque e um pato mudo junto à Ponte de Dona Maria, onde também avistou cabras “a subir por um dos pilares” da estrutura. “A vida animal na cidade foi quase um tema das minhas fotografias”, assume, lembrando o exemplo das garças que ainda escapam à limitada lente do seu telefone. “As garças são desconfiadas e só permitem uma distância mínima de cem metros”, justifica Diogo, que ao júri do IPPA descreveu “o orgulho” e “o carisma” que o pavão exibe no momento em que a imagem foi captada.

Mau tempo perfeito

Foi igualmente num cenário de férias — e num semelhante ambiente nublado — que o arquitecto viu uma senhora vestida às ricas a passar entre barracas de praia... às riscas. “Foi o melhor dia de férias de 2018”, recorda o arquitecto, que despertou com “um nevoeiro tremendo”, “mau tempo perfeito” para uma exploração fotográfica ao ritmo da Praia de Santa Rita, Torres Vedras. “Esteve um nevoeiro cerrado durante quase cinco horas. Eu estava louco! Voltei a casa algumas vezes para carregar a bateria”, lembra, lamentando as limitações técnicas do telemóvel. Na sua opinião, esta é, aliás, uma foto “falhada”. “A senhora já tinha passado entre as barracas. Já estava muito distante...” A verdade é que a cena convenceu o painel de jurados, que lhe atribuiu o prémio Fotógrafo do Ano por esta imagem.

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"Sea Stripes" Diogo Lage

Até ver, o arquitecto pretende manter-se “fotógrafo amador” — apesar de este ser um terreno em que se move com à vontade. “Significa que tenho que me dedicar mais. O prémio apenas confirma que a fotografia é algo que me completa. Infelizmente neste momento não tenho tempo para me dedicar mais”, explica Diogo, a quem não faltam boas razões para fotografar mais. “A fotografia interessa-me imenso como exercício de criatividade e como exploração de novas culturas e de espaços. Adoro o convívio com pessoas diferentes e, ao mesmo tempo, o facto de ser uma forma de registo muito pessoal. E é um registo instantâneo. Na arquitectura tenho que esperar anos para ver resultados finais. Na fotografia tento nem sequer interferir no meio que me rodeia. Tento ser discreto”.

O Grande Prémio da 12.º edição dos IPPAwards vai para a italiana Gabriella Cigliano, que apresentou Big Sister, uma fotografia tirada em Zanzibar, na Tanzânia. Ainda na categoria Fotógrafo do Ano, o segundo lugar foi atribuído à russa Yuliya Ibraeva (Sorry, No Movie Today, momento captado em Roma, na Itália) e o terceiro a Peng Hao (China) por Come Across, momento do festival Burning Man, nos EUA. As fotografias vencedoras foram seleccionadas entre “milhares” de imagens a concurso provenientes de 140 países, diz a organização.

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"Big Sister" Gabriella Cigliano
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