Lugares não cultivados

A torre está terrivelmente só e não há poética que a consiga resgatar dessa condição.

Foto
Álvaro Domingues

Por vezes representam-se na paisagem lugares não cultivados e desabitados para se poder ter a liberdade de pintar os efeitos bizarros da natureza entregue a si própria e às produções confusas e irregulares de uma terra não cultivada. (…) Em tais representações não há nada, por assim dizer, que verdadeiramente nos chame à atenção... Os pintores inteligentes sentiram tão bem esta verdade que raramente compuseram paisagens desertas e sem figuras. Por isso povoaram as suas telas; por isso introduziram nas suas composições temas compostos por uma variedade de personagens cuja acção fosse capaz de nos emocionar e de nos prender a atenção. Foi isso que Poussin, Rubens e outros grandes mestres fizeram e que não se contentaram em figurar nas suas paisagens um homem que segue o seu caminho ou uma mulher que leva fruta para o mercado; esses mestres introduziram figuras pensantes para que nós também pensemos [1].

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