Pinot ameaça candidatos e rouba brilho ao bis de Yates no Tour

Entregue à própria sorte, Alaphilippe arriscou a amarela ao decidir aproveitar a boleia de Pinot e Bernal, em vez de seguir a roda de Thomas e Kruijswijk, que, assim, se aproximaram do líder.

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Momento da etapa deste domingo da Volta a França Reuters/CHRISTIAN HARTMANN

Três dias depois de ter vencido em Bagnères-de-Bigorre, o britânico Simon Yates (Mitchelton-Scott) reclamou nova vitória, impondo-se neste domingo na meta de Foix Prat d’Albis, na 15.ª etapa da Volta a França. Yates passa a ser o segundo ciclista, depois do líder Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep), a bisar nesta 106.ª edição do Tour, após cumprir em 4h47m05s os 185km de um dia complicado, com três contagens de primeira categoria nos últimos 50 quilómetros.

Mas o protagonismo e o brilho da vitória de Simon Yates esgotaram-se no momento em que Thibaut Pinot, embalado pelo triunfo da véspera, no mítico Tourmalet, entrou em acção para abalar as convicções dos candidatos à vitória no Tour.

Algo dividido, o líder Alaphilippe — empenhado na dupla missão de defender a amarela e a bandeira de França — acabou por ceder à tentação, recebendo uma lição de estratégia que lhe custou 27 dos 30 segundos ganhos a Geraint Thomas (INEOS) no contra-relógio de Pau. 

Orgulhosamente só, perante a rara oportunidade de obrigar os rivais (ainda seus perseguidores) a ajustarem a arrogância do discurso para a abordagem da terceira semana da Volta a França, Alaphilippe hipotecou algum do respeito e capital de confiança conquistados nos Pirenéus e no contra-relógio... ao não conseguir medir a ambição e a reserva de forças necessárias para acompanhar a pedalada impiedosa de Pinot.

O igualmente líder do ranking mundial, Julian não resistiu ao impulso de reagir ao ataque de Pinot, nos últimos seis quilómetros, aproveitando a desculpa de Egan Bernal, que seguiu na roda do francês da Groupama, se perfilar como ameaça à liderança.

Na melhor das hipóteses, Alaphilippe ganharia, de novo, tempo precioso e uma almofada importante para abordar os Alpes, já que Thomas e Kruijswijk pareciam indiferentes à provocação. No pior dos casos, Alaphilippe (já sem o apoio dos companheiros, esgotado no Mur de Péguère) pagaria elevado preço pela ousadia, antes do segundo dia de descanso (que obrigará ainda a uma viagem de três horas até Nimes).

Mas quando Pinot pediu a colaboração de Bernal, numa tentativa desesperada de alcançar Simon Yates e Mikel Landa (vencedor do prémio de combatividade), percebeu-se o sorriso da INEOS e de Thomas, que não só controlaram Pinot como ainda tramaram Alaphilippe, repondo a diferença entre o vencedor da edição de 2018 e o actual líder num patamar menos preocupante.

Pinot acabaria por alcançar Landa e por cortar a meta em segundo, bonificando, sem, contudo, destronar Kruijswick, cujo terceiro lugar está agora preso por três segundos.

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