Central de Cervejas investe na fábrica de Vialonga e projecta grande aumento de produção

Empresa vai receber dez reservatórios de 40 toneladas oriundos da Sérvia.

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A Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC) inaugura, esta quarta-feira, uma nova linha de enchimento na sua fábrica de Vialonga, vocacionada para garrafas “overway” (sem retorno). A cerimónia conta com a presença de António Costa e do ministro Pedro Siza Vieira. A empresa portuguesa, que pertence ao grupo Heineken, sedeado na Holanda, prepara-se, entretanto, para desenvolver um outro volumoso investimento, que deverá criar condições para um grande aumento da capacidade de produção da fábrica de cerveja de Vialonga, que completou 50 anos em 2018.

A SCC não adianta muitos pormenores sobre o projecto, mas o PÚBLICO apurou que, até final deste ano, deverão chegar a Vialonga dez “reservatórios” de grande dimensão, com origem numa fábrica do grupo Heineken instalada na Sérvia. A operação de transporte destas enormes estruturas (cada uma pesa cerca de 40 toneladas), também conhecidas no meio por “chaminés”, envolve uma logística muito complicada. Trata-se de “reservatórios” destinados ao armazenamento e fermentação de bebidas, que estão em muito bom estado de conservação e que permitirão aumentar a capacidade e desenvolver novos produtos em Vialonga, também destinados à exportação para o resto da Europa.

Nuno Pinto de Magalhães, director de comunicação da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, não quis, para já, adiantar detalhes sobre este projecto, Referiu, apenas, em resposta ao PÚBLICO, que o grupo Heineken “continua a investir de forma consistente, todos os anos, alguns milhões de euros na fábrica de Vialonga, o que constitui uma demonstração da confiança na sua capacidade e na economia portuguesa”.

Mas o assunto tem sido abordado nas últimas reuniões públicas da Câmara de Vila Franca de Xira, porque toda a operação de transporte dos enormes “reservatórios” com origem na Sérvia está a obrigar a SCC a construir um “estradão” no monte que separa a Estrada Nacional 10 (entrada sul de Alverca) da fábrica cervejeira de Vialonga. O PÚBLICO sabe que os 10 “reservatórios” serão transportados da Sérvia para a Roménia por via terrestre e, daí, até Portugal seguirão por via marítima. Ao largo de Lisboa serão, então, transferidos para barcaças de menor calado, que subirão o Tejo até à zona da Praia dos Pescadores (Póvoa de Santa Iria) e mudarão, depois, para camiões que farão o trajecto final até à fábrica.

A construção do “estradão”, que passa próximo do Forte da Aguieira (integrado nas Linhas de Torres, recentemente classificados como monumento nacional), tem suscitado alguma controvérsia a nível concelhio, com o vereador do Bloco de Esquerda, Carlos Patrão, e a associação “Os Amigos do Forte” a questionarem se foram adoptados todos procedimentos de licenciamento das obras junto do Município e da Direcção-Geral do Património Cultural. José António Oliveira (PS), vice-presidente da Câmara e responsável pelo pelouro do urbanismo, observou que estes 10 “reservatórios” vão servir para “implementar uma nova unidade industrial” que permitirá fabricar “um novo produto que será, depois, distribuído por toda a Europa”. O autarca do PS explicou, em recente reunião camarária, que foram equacionadas várias possibilidades alternativas para o transporte e que esta foi considerada a mais viável. “Foram seguidos todos os trâmites legais perante a Câmara e temos conhecimento que a operação já tem parecer da Direcção-Geral do Património Cultural”, afiançou o autarca.

Já na próxima quarta-feira, a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas inaugura um novo equipamento da operação de enchimento da cerveja Sagres, numa cerimónia em que estarão presentes o primeiro-ministro, o ministro da Economia e o Senhor Secretário de Estado da Internacionalização. De acordo com a empresa, trata-se de um equipamento com “tecnologia de última geração que proporciona, entre outros, a maximização dos índices de sustentabilidade ambiental”.

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