José Mário Vaz “rouba as eleições” na Guiné-Bissau, diz Obasanjo

Antigo Presidente da Nigéria avisa o chefe de Estado guineense que se pretender manter-se no cargo, mesmo derrotado nas eleições, “será aconselhado a deixar o poder”, como aconteceu na Gâmbia e na Costa do Marfim.

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Obasanjo diz que José Mário Vaz queria ter os poderes de um regime presidencialista Joe Penney/REUTERS

“A situação na Guiné-Bissau é lamentável”, referiu esta terça-feira o ex-mediador da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Olusegun Obasanjo. Para o antigo Presidente da Nigéria, José Mário Vaz “rouba as eleições” e pode até estar a preparar-se para se manter no poder mesmo perdendo as eleições de 24 de Novembro.

Em entrevista à agência Lusa, Obasanjo traça o retrato de um Presidente guineense desgostado com os poderes limitados que a Constituição lhe dá, actuando nestes cinco anos de mandato – que formalmente terminaram no domingo passado – como se a Guiné-Bissau tivesse um regime presidencialista que não tem.

“Sugeri-lhe que se quer exercer o poder como o Presidente do Senegal tem que alterar a Constituição e depois de eleito com essa nova Constituição pode exercer plenamente o poder executivo”, referiu o ex-Presidente da Nigéria, nomeado em 2015 como mediador da CEDEAO para a crise política desencadeada pelo chefe de Estado ao demitir o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira.

Obasanjo lembra que José Mário Vaz se lamentava pelo facto de “nem sequer ter um orçamento”. Na Guiné-Bissau, “o orçamento tem de ser preparado pelo primeiro-ministro e aprovado pela Assembleia Nacional e ele não compreende isso”.

É, por isso, que o ex-chefe de Estado da Nigéria não exclui a possibilidade de Vaz vir a não reconhecer os resultados das eleições presidenciais de Novembro, caso não consiga ganhar. “Pelo que tem feito até agora, não podemos excluir nenhuma possibilidade”, diz.

Se isso acontecer, a CEDEAO terá de se chegar à frente e obrigar José Mário Vaz a entregar o poder: “Fizemos isso na Gâmbia, onde o Presidente Yahya Jammeh perdeu as eleições e não queria sair. Foi feito também na Costa do Marfim.”

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