90 anos de José Afonso celebrados em conferência no Museu da Música Portuguesa

A instituição na Casa Verdades de Faria, no Estoril, acolhe este sábado “De não saber o que me espera: nos 90 anos de José Afonso”. A partir das 10h, oportunidade para ouvir José Mário Branco, Rui Pato e Arnaldo Trindade, entre outros, recordar a sua obra, o seu percurso e o seu legado.

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José Afonso, que morreu em 1987, aos 57 anos, construiu ao longo da vida uma das obra musicais fulcrais do século XX português DR

Este ano haveria festejo bem redondo. Dia 2 de Agosto, José Afonso faria 90 anos, não tivesse uma doença cruel levado em 1987 aquele que foi uma figura maior da música e do século XX português. É certo, porém, que aquilo que nos legou permanece vivo na memória de quem com ele privou, colaborou e aprendeu, vivo através da música daqueles que vieram depois. É precisamente essa vida e essa obra que serão recordadas e celebradas este sábado na conferência “De não saber o que me espera: Nos 90 anos de José Afonso”, que terá lugar no Museu da Música Portuguesa – Casa Verdades de Faria, no Estoril.

Organizado pelo Museu da Música Portuguesa com o Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md), a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e a Associação José Afonso, a conferência reunirá uma série figuras próximas do universo de José Afonso, como Rui Pato, José Mário Branco ou Arnaldo Trindade. O início está marcado para as 10h e a conferência, depois da apresentação de três sessões, terminará às 18h com o Coro da Câmara de Cascais, dirigido por Maria Repas Gonçalves, a visitar a obra de José Afonso.

O primeiro painel (10h30) terá como convidados Rui Pato, o viola que, ainda estudante de Medicina em Coimbra, acompanhou José nas primeiras gravações, aquelas que ajudaram a revolucionar a canção coimbrã, e Arnaldo Trindade, o editor discográfico fundador da histórica Orfeu, o selo que acolheu José Afonso entre 1968 e 1981. Com moderação da etnomusicóloga Leonor Losa, autora de Machinas Fallantes: a Música Gravada em Portugal no Início do Século XX, a sessão centrar-se no início da actividade musical de José Afonso.

Às 14h, o segundo painel, formado por José Mário Branco e Francisco Fanhais, abordará tanto a transformação musical operada na música de José Afonso a partir de Cantigas do Maio, como a sua actividade durante o período revolucionário português. A José Mário Branco, além do percurso a solo, temos a agradecer o trabalho enquanto produtor e director musical, por exemplo, das obras-primas Cantigas do Maio (1971) e Venham mais Cinco (1973), imprescindíveis na obra de José Afonso. Francisco Fanhais, actual presidente da Associação José Afonso, integrou o movimento dos baladeiros que fizeram da canção uma arma contra o regime do Estado Novo e acompanhou o autor de Coro da Primavera por variadíssimas ocasiões, quer em estúdio, quer nos palcos. A moderação estará a cargo do antropólogo e mestre em Ciências Musicais Hugo Castro e do etnomusicólogo Ricardo Andrade, ambos investigadores do INET-md.

Mário Correia e Viriato Teles constituirão o último painel, que abordará “as temáticas e a dimensão poético-literária do repertório de José Afonso”. Caberá ao historiador João Madeira, autor de 1937 – O Atentado a Salazar (Esfera dos Livros, 2013), entre outros, moderar as intervenções de Mário Correia, responsável pelo Festival Intercéltico de Sendim (e presidente, naquela vila transmontana, do Centro de Música Tradicional Sons da Terra) que, na década de 1970, dirigiu a revista Mundo da Canção, e do jornalista Viriato Teles, também ele com passado ligado à Mundo da Canção e autor de As Voltas de um Andarilho, obra essencial para um conhecimento mais íntimo de José Afonso, o músico e o seu pensamento.

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