A Europa e a oportunidade da transição ecológica

É o momento para deixar cair as meias-medidas e assumir uma aposta arrojada e firme numa economia verde, circular e descarbonizada. Os europeus reclamam esta agenda política.

Este é o tempo de aproximação dos partidos europeus que pretendem edificar uma agenda política ambiciosa para a transição ecológica. Só uma ação europeia convergente e corajosa pode alcançar os objetivos do acordo de Paris, evitando os piores impactos das alterações climáticas e garantindo um futuro mais seguro e próspero para todos os cidadãos. Esta transição impõe-se justa e inclusiva, pelo que a justiça social e económica deverá estar no centro das soluções que a sustentam. É hoje absolutamente evidente que as questões ambientais e sociais se cruzam e se influenciam mutuamente, gerando uma oportunidade transformadora para toda a sociedade.
 
Com algumas exceções refutáveis, os líderes mundiais reconhecem hoje a gravidade das alterações climáticas e os seus impactos nas comunidades humanas, nos recursos naturais e nas infra-estruturas. Por outro lado, a globalização vem transformando os modelos económicos, os mercados de trabalho, as relações industriais e os fluxos migratórios. Milhões de pessoas trabalham hoje numa economia facilitada pela tecnologia digital e apoiada nos avanços da robótica e da inteligência artificial. Ora esta conjugação representa uma extraordinária oportunidade para todos os territórios, enquadrada no objetivo de descarbonizar a economia até 2050, um compromisso coletivo para alcançar a meta de limitar o aumento de temperatura global do planeta. Para conseguirmos a convergência ambiental que precisamos, devemos inspirar cada vez mais cidadãos europeus, apoiando uma transição ecológica que melhorará a nossa vida quotidiana: uma transição que promoverá novos empregos e uma melhor qualidade de vida, assegurando à Europa uma posição relevante na economia global, e tornando-a impulsionadora de uma agenda global de sustentabilidade, de equidade e de paz. É essa visão que deve orientar a construção da próxima fase do projeto europeu.
 
Há uma crescente e gratificante afirmação de uma cidadania global que atua e influencia, e há igualmente um reconhecimento por parte das empresas e lideranças locais de que as políticas para um desenvolvimento sustentável e ação climática vão ao encontro dos seus interesses e dos interesses dos consumidores, económica e eleitoralmente. Não se trata de uma utopia, mas antes de um ato de inteligência! As políticas de promoção da sustentabilidade são verdadeiramente as políticas mais transformadoras, mais racionais e mais inteligentes que qualquer organização ou comunidade pode adotar e promover.
 
É o momento para deixar cair as meias-medidas e assumir uma aposta arrojada e firme numa economia verde, circular e descarbonizada. Os europeus reclamam esta agenda política. Os cidadãos europeus querem cidades menos congestionadas e mais saudáveis, querem utilizar menos combustível fóssil e reduzir a factura energética nas suas casas, querem por termo às ameaças sobre a biodiversidade, valorizando a sua importância para o funcionamento global dos ecossistemas, e querem empregos qualificados, mantendo a competitividade económica da Europa. Os cidadãos europeus que hoje se manifestam nas ruas, de todas as idades, estão mais conscientes do que nunca da crise climática. Eles exigem que seus líderes percebam o momento crítico da história e não se contentarão com medidas paliativas. Aos partidos políticos europeus, compete agora responder ao apelo dos cidadãos, e aproveitar esta oportunidade histórica para reinventar a própria Europa e o seu desígnio inspirador do mundo.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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