PAN: o efeito do clima na surpresa da noite

As greves climáticas das sextas-feiras já tiveram um efeito político claro: em Portugal, o partido que melhor incorporou os valores que levam os mais jovens às ruas foi a surpresa da noite eleitoral.

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É a surpresa desta noite eleitoral, tal como foi em 2015, nas legislativas. Neste domingo, o PAN conseguiu eleger o seu primeiro deputado ao Parlamento Europeu e tudo indica que não é um epifenómeno, como foi o MPT há cinco anos. Ao contrário deste, o PAN começou por garantir um lugar na Assembleia da República e, nestes quase quatro anos, a voz de André Silva foi-se impondo como uma forma diferente de fazer política. Agora, esse trabalho é coroado com a afirmação internacional de um partido que vai ser o único, oriundo de Portugal, a sentar-se no grupo dos Verdes europeus.

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É a surpresa desta noite eleitoral, tal como foi em 2015, nas legislativas. Neste domingo, o PAN conseguiu eleger o seu primeiro deputado ao Parlamento Europeu e tudo indica que não é um epifenómeno, como foi o MPT há cinco anos. Ao contrário deste, o PAN começou por garantir um lugar na Assembleia da República e, nestes quase quatro anos, a voz de André Silva foi-se impondo como uma forma diferente de fazer política. Agora, esse trabalho é coroado com a afirmação internacional de um partido que vai ser o único, oriundo de Portugal, a sentar-se no grupo dos Verdes europeus.

A sua força resulta exactamente das suas bandeiras. O PAN foi o partido que melhor incorporou os valores das gerações mais jovens, em particular daquela imensa multidão que, por todo o país, desde 15 de Março, tem faltado às aulas e saído às ruas para defender o planeta. O efeito das greves climáticas neste resultado parece evidente.

O PAN não só se juntou às greves climáticas como estabeleceu como prioridade a defesa dos valores ambientais. Poluição, transição energética, protecção ambiental, descarbonização e fim do nuclear, novos empregos 100% verdes, mobilidade responsável, afectação dos fundos comunitários à agricultura biológica e combate ao tráfico de animais e de marfim são nove das dez prioridades que definiram claramente. E a décima são os direitos humanos, com foco no acolhimento dos refugiados. Diferente, muito diferente dos partidos tradicionais.

Na sondagem da Universidade Católica para o PÚBLICO e a RTP divulgada na segunda-feira, era clara a afirmação dos mais jovens dos jovens em ir votar: 49% dos inquiridos com menos de 24 anos garantiam que iam às urnas (contra 40% da geração seguinte, entre os 25 e os 34 anos) e 18% afirmavam a sua intenção de votar noutros partidos que não os cinco maiores. O estudo de opinião não permitia perceber se o partido preferido era o PAN, pois só eram questionados sobre os cinco principais partidos. Já na segunda parte do estudo, relativo às legislativas, se percebia que o PAN estava consolidado nos 4% das intenções de voto em todas as faixas etárias até aos 54 anos, valor reforçado entre os 25 e os 34 anos, em que atingia os 6%.

Mal foram conhecidas as primeiras projecções a partir de sondagens à boca das urnas, com a eleição quase certa de, pelo menos, um eurodeputado, os líderes do PAN congratulavam-se. “Isso significa que os portugueses se revêem na nossa forma de fazer política, e que é diferente da dos partidos tradicionais, e também o descontentamento dos eleitores com essas forças políticas e mesmo com as famílias políticas europeias”, afirmou Inês Sousa aos jornalistas. A dirigente sublinhou que a diferença do PAN é ser um partido de causas, “por uma sociedade mais humana, mais justa e mais igualitária”, que “não se identifica com a esquerda ou a direita” tradicionais. “Estamos preparados para assumir mais responsabilidades e levar este ideário à Europa”, frisou.