João Ferreira pede aos militantes que convençam para a CDU até quem vota PS

Comício da noite na Marinha Grande foi virado para as necessidades da região — floresta, ferrovia e indústria — e para um insistente apelo ao voto.

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LUSA/PAULO NOVAIS

Profissional a esquivar-se ao comentário directo às sondagens que têm dado uma redução da CDU, muito possivelmente com a perda de um dos três actuais lugares no Parlamento Europeu, João Ferreira começou nesta terça-feira à noite a dramatizar o apelo ao voto. A estratégia não estará desligada, precisamente, dessa nuvem que paira sobre a coligação e que ameaça fazê-la voltar aos dois eurodeputados. Na Marinha Grande, na Praça Guilherme Stephens, o cabeça de lista da CDU tocou pela primeira vez em terreno alheio.

Estava João Ferreira a recordar quem desintegrou empresas como a Sorefame, que produzia os comboios que tanta falta fazem na Linha do Oeste que serve a região, ou a Covina, que produzia vidro plano, quando afirmou ser certo que muitos apoiantes conhecem “gente cujo coração bate à esquerda, democratas, patriotas, gente comprometida com as causas da democracia, do progresso, da justiça social, que terão até algumas vezes votado no PS”. Alguns podem “ainda estar indecisos”, acrescentou. Então pediu-lhes que digam a essas pessoas que têm que fazer a opção se o seu voto é “para levar a água ao moinho das políticas que destruíram a produção nacional” e prejudicaram os trabalhadores ou se, indo para a CDU, esse voto vai levar a água ao moinho da defesa da produção nacional e de quem defende o progresso e não o retrocesso.

“É preciso dizer a esses que é tempo de avançar. Estamos a poucos dias das eleições. É tempo de fazer crescer esta onda.” É preciso, exortou João Ferreira, falar com “amigos, familiares, colegas de trabalho, vizinhos, conhecidos e até desconhecidos”, insistiu. “Deixar a decisão para outros pode ser perigoso e na segunda-feira já é tarde demais”, haveria de dizer pouco depois. E também: “Desistir, não votar, ou votar PS, PSD ou CDS é não sair da cepa torta.” Daí o pedido para “que ninguém falte à batalha do esclarecimento, e que nenhum voto se perca!” E no final do discurso até ensaiou uma nova rima: “Na CDU há que votar para o país avançar.”

Nos últimos dias, João Ferreira tem também apostado num vocabulário alternativo: vai repetindo nas intervenções, cada vez com mais frequência, que estas eleições não são para “ver quem ganha ou perde”, mas sim para ver quem se senta nos 21 lugares de deputados portugueses no Parlamento Europeu.

Ao mesmo tempo, esforça-se por mostrar o empenho do colectivo nesta campanha, contando que, à mesma hora em que discursa num local, há muitos camaradas que estão a afixar os últimos pendões (são as faixas de tecido penduradas nos postes), a colar os últimos cartazes e a fazer as últimas sessões de esclarecimento. Ou seja, como quem diz ‘a CDU não somos só nós aqui’.

“Quando nos perguntam ‘Como se combate a abstenção?’ nós dizemos: falem com as pessoas, escutem os seus problemas, anseios e desejos, digam o que está em causa [nestas eleições] e prestem contas do que fizeram nos últimos anos”, aconselhou o candidato.

Sobre os problemas da região, os dois candidatos anteriores – João Delgado é natural da região e Mariana Silva, indicada pelo PEV – já os tinham levado ao palco: a destruição do Pinhal do Rei e a falta de meios para proteger a floresta, as dificuldades dos pescadores e agricultores, o desinvestimento na ferrovia (falta de obras e de carruagens na Linha do Oeste). Mas João Ferreira fez questão de falar dos mesmos assuntos, pegando em especial na floresta para desafiar a plateia a responder-lhe em coro de quem é a culpa por uma série de decisões prejudiciais… “de PS, PSD e CDS”.

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