Quem são os jovens portugueses à frente das “jotas” europeias?

Ambos candidatos nestas eleições europeias, os portugueses que presidem às juventudes popular e socialista a nível europeu falam “numa oportunidade de fazer diferente” e garantem que são ouvidos pelas respectivas famílias políticas.

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Desde o final do ano passado, quando Lídia Pereira passou para os comandos da Juventude Popular Europeia (YEPP, no acrónimo inglês), que as estruturas de juventude dos dois maiores grupos políticos do Parlamento Europeu são ambas lideradas por portugueses.

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Desde o final do ano passado, quando Lídia Pereira passou para os comandos da Juventude Popular Europeia (YEPP, no acrónimo inglês), que as estruturas de juventude dos dois maiores grupos políticos do Parlamento Europeu são ambas lideradas por portugueses.

Lídia Pereira ganhou notoriedade em Portugal uns meses depois, quando Rui Rio a escolheu para número dois da lista encabeçada por Paulo Rangel. “Foi um choque positivo. Agora tenho uma oportunidade de fazer diferente”, diz ao PÚBLICO a jovem de 27 anos que lidera a Juventude Popular Europeia.

Em seu entender, este lugar de destaque mostra “um sinal de abertura” à participação dos mais jovens por parte do PSD, e a número dois dos sociais-democratas ao Parlamento Europeu garante que não é caso único na sua família política europeia. “É importante que os partidos reflictam a juventude nas suas estruturas”, assinala.

Já João Albuquerque, à frente dos comandos da Juventude Socialista Europeia (YES, também no acrónimo inglês), está mais para baixo na lista dos socialistas. Um modesto 11.º lugar que, a confirmarem-se as sondagens, não lhe permitirá ser eleito eurodeputado. “Seria um resultado extraordinário para o PS, se fosse eleito”, admite ao PÚBLICO. Como objectivo de campanha define a “luta para que os socialistas tenham o melhor resultado possível”.

Ambos têm percursos marcados pela intervenção política nas juventudes partidárias que os fizeram “crescer politicamente”. João Albuquerque entrou cedo para a Juventude Socialista e, no currículo, acumula vários cargos de assessoria política, da Junta de Freguesia do Lumiar (Lisboa) ao Ministério da Administração Interna. Lídia tem um percurso profissional mais ligado ao sector privado. Economista de formação, no CV tem a marca de duas das  big four (as quatro maiores empresas do sector) especializadas em auditoria e consultadoria.

“Os socialistas deviam olhar para Portugal”

“Apesar da pequena dimensão de Portugal, conseguimos ter bons quadros”, afirma João Albuquerque, que destaca os “exemplos maiores” de Mário Centeno, no comando do Eurogrupo, e de António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas.

Estes “foram anos complicados” para o conjunto dos partidos socialistas na União Europeia, admite João Albuquerque. A perda de representatividade dos socialistas em países onde antes haviam sido Governo foi consequência, defende o líder da YES, da decisão, errada, de “se colarem ao centro”. Por isso, pede aos socialistas europeus que “olhem para o exemplo português” e “voltem a ter um cariz social-democrata”.

João Albuquerque destaca ainda contributo da YES junto do grupo parlamentar dos Socialistas & Democratas europeus (S&D) no “Plano Europeu para a Juventude”, que defendia o alargamento do programa Erasmus +, a criação de um cheque cultura europeu ou o reforço do combate à pobreza infantil e à criação de emprego jovem.

Sobre o sociais-democratas da Roménia garante ter “ficado satisfeito” com a posição dos socialistas europeus em relação a essa força política: relações congeladas, até que o Governo romeno clarifique o compromisso com o Estado de Direito e siga as recomendações da Comissão Europeia. Para Junho ficaram adiadas novas decisões. O presidente da YES diz que “não pode haver cedências”, mas que, ainda assim, este caso “é diferente do da Hungria”.

“O futuro da União Europeia passa pela unidade”

Lídia Pereira afirma o contrário: “a questão romena é tão grave como a da Hungria” e sobre o Fidesz, do primeiro-ministro Viktor Orbán, destaca a acção do PPE, que suspendeu o partido até que este cumpra as condições determinadas pelos populares europeus.

Convidada a comentar a ascensão da extrema-direita em vários países europeus, Lídia Pereira diz estar “igualmente preocupada com a extrema-esquerda”, defendendo que “o futuro da União Europeia passa pela unidade entre os vários Estados-membros”. Sobre o “Brexit” assume-se “optimista”, esperando que “exista um segundo referendo”. Em qualquer caso, “temos oportunidade de consolidar a União Europeia e limar as suas arestas”, diz a jovem, referindo-se, por exemplo, “à reforma da união monetária ou ao aprofundamento do mercado único”.

Atribui o afastamento dos jovens do dia-a-dia das instituições europeias à circunstância de a mensagem ser, na sua opinião, “muitas vezes complexa”, mas observa que a política não se esgota nos partidos e na representação parlamentar e que “a participação cívica vai além da participação política”. Nestas eleições vai “trabalhar para combater” essa abstenção, defendendo que “a campanha de um jovem político não se fixa no período antes das eleições”

As eleições europeias realizam-se em Portugal a 26 de Maio.