Igreja Católica volta a proibir missa de domingo no Sri Lanka por temer atentados

Atentados de 21 de Abril foram reivindicado pelo Daesh que falou num ataque contra “o feriado infiel”, a Páscoa. Os muçulmanos foram aconselhados a ficar em casa e todas as igrejas católicas foram fechadas.

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Os ataques foram considerados os mais mortíferos no Sri Lanka desde o fim da guerra civil há 10 anos LUSA/JEROME FAVRE

A Igreja Católica do Sri Lanka desistiu do plano de retomar as missas de domingo por temer novos ataques no país, anunciou um porta-voz do arcebispo de Colombo.

O porta-voz do cardeal Malcolm Ranjith disse que a Igreja Católica recebeu “informações específicas sobre dois possíveis ataques às igrejas” e decidiu não permitir celebrações a 5 de Maio.

Na semana passada, os muçulmanos foram aconselhados a ficar em casa para as orações de sexta-feira e todas as igrejas católicas no Sri Lanka foram fechadas.

Em vez da habitual missa, no domingo passado Ranjith fez a homilia diante do clero e dos dirigentes nacionais na sua residência, uma cerimónia que foi transmitida na televisão.

Pelo menos 253 pessoas foram mortas a 21 de Abril numa série de ataques a igrejas e hotéis no Sri Lanka. Entre as vítimas estava um português de 30 anos, que se encontrava no país em lua-de-mel. Os ataques provocaram mais de 500 feridos.

Os primeiros ataques tiveram lugar na Igreja de Santo António, na capital, Colombo, e na Igreja de S. Sebastião, na cidade de Negombo, nos arredores. Pouco depois dos atentados nas igrejas, ambas católicas, houve mais três explosões em três hotéis (Shangri-La Colombo, Kingsbury Hotel e Cinnamon Grand Colombo) e numa igreja evangélica em Batticaloa, na Província Oriental. Horas depois, duas explosões atingiram um hotel junto do jardim zoológico de Dehiwala e uma zona residencial na área de Dematagoda.

Dez dias antes do ataque, a polícia tinha entrado em alerta de terrorismo, após ter obtido a informação de que estava a ser preparado um ataque “com características jihadistas” contra “importantes igrejas”, escreveu o jornal indiano Times of India. Foi apertada a vigilância ao Thowheed Jamaat, uma organização islamista. 

Nos últimos anos ocorreram atentados motivados pela religião neste país de maioria budista, com grupos radicais de nacionalistas cingaleses a atacarem mesquitas e lojas de muçulmanos. Em 2018, a violência contra a comunidade muçulmana na Província Central obrigou o Governo a declarar o estado de emergência.

A maioria cingalesa do Sri Lanka é budista (72% da população), os hindus formam 12,6% da população (os tamil são hindus) e 9,7% são muçulmanos (maioritariamente sunitas). Os cristãos são 7,4%, dividindo-se em católicos (6,1%) e evangélicos (1,3). Formam 1,5 milhões numa população de 21,44 milhões de pessoas, segundo o censo mais recente citado por jornais da Índia.

A polícia cingalesa já deteve mais de 150 suspeitos desde os atentados do dia de Páscoa.

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