Câmara de Coimbra lança novo concurso para recuperar Parque Verde

Estabelecimentos foram inundados em 2016. Obra para os requalificar parou por insolvência do empreiteiro

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O processo de recuperação dos edifícios do Parque Verde, em Coimbra, conheceu nesta segunda-feira um novo episódio. Em reunião de executivo, a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) decidiu lançar um novo concurso público para reconstruir e ampliar o espaço atingido pela subida das águas do rio Mondego, no início de 2016, e encerrado desde então.

Os trabalhos para a recuperação do espaço chegaram a ser consignados no final de Abril de 2018, há um ano, mas a empresa que tinha ganho o concurso entrou em insolvência e não chegou a concluir o estipulado no caderno de encargos. De acordo com a autarquia, apenas 17,8% da obra que deveria ficar pronta até Novembro de 2018 avançou. A câmara, que esperava poder abrir o espaço em 2019, tomou posse administrativa e anunciou, em Dezembro, que teria de ser lançado novo concurso.

Agora o presidente da CMC, Manuel Machado, não arrisca adiantar datas, nem refere se o processo estará concluído antes do Verão de 2020. Aos jornalistas, no final da reunião do executivo. o autarca apontou que “há várias etapas” e que apenas se começa a “ver a luz ao fundo do túnel com a consignação” do contrato. “Esperamos que não, mas pode acontecer o que aconteceu com esta empreitada”, acautelou.

O lançamento de novo concurso público foi aprovado por PS e CDU, com abstenção do PSD e movimento Somos Coimbra, numa altura em que dois dos três vereadores sociais-democratas não estavam na sala. O preço base foi fixado em 1,1 milhão de euros, superior aos 770 mil euros do concurso anterior. A oposição questiona a subida do preço base, uma vez que parte do trabalho até já está realizado, mas a CMC justifica-a com um ajuste “face ao aumento exponencial dos valores de mercado nos últimos meses”.

A estrutura foi construída em leito de cheia, pelo que, para possibilitar a sua utilização durante épocas mais chuvosas, o gabinete do arquitecto Camilo Cortesão (responsável pelo desenho original do edifício) acrescentou ao piso térreo um novo andar. O caderno de encargos prevê a construção de estacas e um sistema elevatório de ligação entre os dois pisos dos quatro volumes, bem como a recolocação das cozinhas no andar superior.

O vereador do Somos Coimbra, José Manuel Silva, anunciou que o movimento discorda da solução adoptada, vendo-a como a repetição de um erro. O problema de base, identifica, é a manutenção da estrutura em leito de cheia: “Já foi um erro do actual presidente da CMC [durante a primeira passagem pela autarquia, entre 1989 e 2001], que agora se repete inexplicavelmente, com a agravante de não ter havido o devido acompanhamento da gestão da barragem da Aguieira e do desassoreamento atempado”. Estes dois últimos aspectos foram apontados como determinantes para a subida do nível das águas em 2016.

José Manuel Silva refere ainda que a operação de desassoreamento do rio, entretanto realizada, apenas retirou “metade do volume” de inertes “que seria necessário retirar, pelo que o rio rapidamente se assoreará de novo, elevando, mais uma vez, dentro de pouco tempo, o risco de cheia”. O vereador acrescenta que “todas estas falhas já causaram e voltarão a causar enormes prejuízos”, notando que este projecto “deveria ter sido submetido a participação pública”.

Já vereadora do PSD, Madalena Abreu, questionou que a CMC tenha definido o preço mais baixo como o critério de avaliação, entendendo que a empreitada pelo ter o mesmo desfecho que a anterior.

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