Zeros à direita: o que é e como se caracteriza a geração Z?

Estes jovens acreditam que têm de ser eles a fazer as mudanças que querem ver no mundo e estão orientados para criar soluções e agir sobre as coisas que os preocupam, são fazedores e estão orientados para objectivos e missões concretas.

Foto
Gonzalo Fuentes/Reuters

Já toda a gente ouviu falar de millennials, mas o que vem a seguir? Apresento-vos a GenZ ou iGen, os jovens nascidos entre 1995 e 2005 que já estão a mudar o mundo.

Pessoas nascidas no mesmo período de tempo e que vivenciam as mesmas circunstâncias e experiências influenciam-se mutuamente, acabando por partilhar algumas características: é isto que nos permite falar sobre as gerações como tendo uma identidade própria.

A geração Y ou millennials é, de acordo com vários autores, a mais estudada de todos os tempos (bom... até aqui!), na medida em que representou um grande corte com o passado graças ao à-vontade e uso generalizado da tecnologia, em especial a Internet wireless, os smartphones e os chamados meios sociais, as redes sociais que permitiram o surgimento de fenómenos como os influencers e novas profissões como os youtoubers, mas também revoluções sociais e políticas como a Primavera Árabe. Esta geração de jovens nascidos entre 1980 e 1995 é frequentemente descrita (talvez de forma pouco justa) como egocêntrica, impaciente e mimada — e, em Portugal, ficou conhecida como “geração à rasca”.

Os millennials cresceram num ambiente de optimismo e florescimento económico, de expectativas elevadas — “Estuda, filho, para teres um bom futuro!” —, mas depararam-se com uma realidade de recessão económica. Foram criados na expectativa de obter, com os seus esforços e formação superior, uma vida cheia de regalias e privilégios, mas viram-se confrontados com uma realidade de insegurança, precariedade e recessão económica enquanto jovens adultos.

É neste ambiente económica e politicamente menos favorável surge a Generation Z, Gen Z, iGen, nativos digitais ou geração tecnológica. Estes jovens cresceram num mundo pós 11 de Setembro e pós derrocada dos mercados financeiros, tendo portanto circunstâncias de crescimento fundamentalmente diferentes das dos millennials, na medida em que, no seu mundo, a segurança e a invulnerabilidade anteriormente dada por adquirida se abateu face a fortes recessões económicas e ataques terroristas vários. Acredita-se, por isso, que as expectativas destes jovens sejam mais realistas e empreendedoras do que as da geração que os antecedeu. Estes jovens acreditam que têm de ser eles a fazer as mudanças que querem ver no mundo e estão orientados para criar soluções e agir sobre as coisas que os preocupam, são fazedores e estão orientados para objectivos e missões concretas.

Os iGens são também os primeiros verdadeiros nativos digitais: desconhecem um mundo sem Google, iPhone ou Wi-Fi. Tão ou mais capazes de gerir estes recursos tecnológicos do que os millennials, os GenZ aprenderam com os erros dos seus antecessores a não se sobre-expor e a ter cuidado com aquilo que publicam, preferindo media que se autodestroem versus os que permanecem: favorecem as stories de 24 horas no Instagram, usam Snapchat e WhatsApp, onde os conteúdos se partilham com um grupo restrito de pessoas em vez de canais abertos como o Facebook, ao qual desconhecidos podem mais facilmente aceder e que qualquer busca no Google expõe para sempre.

Estes são, então, jovens com expectativas realistas, uma profunda consciência social e ferramentas de intervenção e mobilização social sem paralelo na História.

As repercussões da sua capacidade e vontade de agir têm adquirido uma visibilidade cada vez maior com consequências globais, como é o caso da jovem Greta Thunberg, cujas preocupações ambientais se tornaram virais e fizeram com que, ainda este ano, jovens em todo o mundo faltassem às aulas para se manifestar pelo planeta, a mais jovem prémio Nobel de sempre, Malala Yousafzai, ou os jovens americanos que se mobilizam para promover legislação contra a liberalização das armas de fogo, etc.

A geração Z parece juntar vários predicados que a tornam uma força de mudança importante desde uma idade muito jovem, ao aliar excelente acesso e conhecimentos tecnológicos e de social media, uma consciência social extraordinária, vontade de agir e uma capacidade de impacto global sem precedentes.

Se os millennials esperavam que o mundo reconhecesse o seu valor e evoluísse na medida das suas competências, os jovens Z parecem determinados a moldar as circunstâncias aos seus valores e dispostos a usar as suas competências para fazer o mundo evoluir.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários