Portugueses ainda reconhecem poucos sintomas da insuficiência cardíaca

Inquérito “Portugueses e a insuficiência cardíaca”, integrado na campanha anual da Fundação Portuguesa e de Cardiologia “Maio, mês do coração”, será apresentada nesta terça-feira.

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PAULO PIMENTA

Mais de metade dos inquiridos num estudo acredita que a taxa de sobrevivência da insuficiência cardíaca é alta e apenas 15% reconhece o inchaço das pernas como um dos principais sintomas desta doença que afecta meio milhão de portugueses.

O inquérito "Portugueses e a insuficiência cardíaca”, integrado na campanha anual da Fundação Portuguesa e de Cardiologia “Maio, mês do coração”, que será apresentada nesta terça-feira, decorreu em Março e envolveu 1012 indivíduos.

Apesar de a maioria dos inquiridos (89%) considerarem que esta doença ameaça a vida das pessoas, apenas 51% crêem que a taxa de sobrevivência é alta ou, pelo menos, não tão baixa como em casos oncológicos.

Mais de sete em cada 10 inquiridos (71%) disseram saber que se trata de uma doença cujo número de casos vai aumentar nos próximos anos e 63% afirmaram que é uma doença que afecta tanto novos como mais velhos, mas apenas 19% sabia que a taxa de sobrevivência é baixa e 29% que a taxa é semelhante à dos cancros mais graves.

A grande maioria (83%) disse que na insuficiência cardíaca ocorrem muitas mortes prematuras, porque os doentes não valorizam os sintomas da doença, que são principalmente falta de ar, cansaço fácil, edema nas pernas e perda de peso.

Segundo o estudo, 72% associa o cansaço fácil à insuficiência cardíaca, 69% a falta de ar, mas apenas 15% reconhece o edema das pernas e 5% a perda de peso.

Também existe desconhecimento face a aspectos “mais técnicos” da doença e respectivo tratamento: por exemplo, são mais os que consideram que não deve haver restrição no consumo de água (45%) do que os que entendem que deve ser bebida moderadamente.

O presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), Manuel Carrageta, afirmou que “os portugueses ainda reconhecem pouco os sintomas da insuficiência cardíaca” e a gravidade desta doença, uma “epidemia que vai aumentar” e que atinge 15 milhões de europeus.

O cardiologista sublinhou que o desconhecimento que ainda existe sobre esta doença mostra que é “necessário aumentar a literacia das pessoas em relação ao tema”.

Nesse sentido, defendeu, as campanhas são “extremamente importantes” para sensibilizar a população para esta doença “ainda um pouco esquecida, subvalorizada”, mas que é “uma das grandes epidemias do século, pelo que deve ser considerada uma prioridade nacional”.

"Uma prioridade nacional"

“A insuficiência cardíaca deve ser considerada uma prioridade nacional com consultas de especialidade em articulação com o médico de família, porque é a única maneira de ter uma resposta capaz para uma patologia que está a aumentar e que mata muito”, defendeu Manuel Carrageta.

A campanha que esta terça-feira é lançada pretende passar a mensagem de que viver com insuficiência cardíaca é como estar numa prisão, porque o doente está “manietado pelos sintomas”.

O objectivo da iniciativa é chamar a atenção para esta situação e explicar que, através do tratamento e da mudança de estilo de vida, é possível libertar o doente, disse, lamentando que as pessoas ainda recorram tardiamente aos serviços de saúde.

Isto acontece porque é uma doença que também está associada ao envelhecimento e as pessoas atribuem o cansaço à idade, não recorrendo ao médico e acabando por morrer, justificou.

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