Sporting foi tão autoritário quanto perdulário

Luiz Phellype voltou a marcar em dia apagado de Bruno Fernandes, garantindo a oitava vitória consecutiva dos “leões”, que mantém o Sp. Braga a uma distância segura do pódio da Liga.

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Lance do jogo entre Nacional e Sporting LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

Um golo de Luiz Phellype, a marcar consecutivamente há quatro jogos no campeonato, resolveu, na Choupana, frente a um cada vez mais aflito Nacional da Madeira, todas as dúvidas existenciais de um Sporting permanentemente à espera dos rasgos de Bruno Fernandes. 

Sem a habitual genialidade do seu “maestro”, que voltou a ficar em branco após quatro jogos a facturar,  o Sporting  revelou alguns traços de um carácter pleno de contradições, assumindo uma absoluta incapacidade para exercer a autoridade vincada pelos números que iam esmagando os madeirenses.

Jovane Cabral e Diaby criaram perigo e a ilusão de uma vitória gorda, acabando paulatinamente perdidos em tanto desperdício e desaproveitando ao mesmo tempo a oportunidade concedida pelas ausências forçadas. Apenas Doumbia procurou fazer esquecer o “auto-excluído” Wendel.

Do lado contrário, com seis baixas de vulto, o Nacional procurava a medo os pontos que escaparam nas cinco rondas anteriores, levando a equipa para os confins da tabela. Com Bryan Róchez abandonado à sua própria sorte, os insulares ainda tentaram esticar o jogo nos minutos iniciais, invariavelmente por Camacho e insistentemente pela esquerda, embora sem o mínimo sucesso. Um cabeceamento inofensivo de Júlio César sublinhou apenas a titularidade de Salin, após meio ano de ausência competitiva.

Sem a irreverência do castigado Kalindi, o Nacional ofereceu o corredor direito a um intratável Acuña. Depois de ver um amarelo aos sete minutos, o argentino protagonizou um lance de área polémico com Róchez, num desvio subtil, mas suficiente para tirar o  hondurenho da jogada, levando a Choupana a clamar por penálti. Xistra não atendeu os protestos e o jogo retomou o curso de uma preocupante normalidade, sempre com o Sporting claramente por cima, mas sem instinto matador, incapaz de definir um dos 15 remates (contra um) com que fechou a primeira metade. 

Ainda que com alguma sorte à mistura, o Nacional da Madeira ia conseguindo adiar um desfecho que só não foi confirmado mais cedo porque a exibição do guarda-redes Daniel Guimarães não o permitiu e o habitual momento de inspiração de Bruno Fernandes tardava. 

Com 45 minutos pela frente, exceptuando os casos de Gudelj, Mathieu e Acuña — os mais pendulares — ninguém parecia verdadeiramente interessado em assumir um papel que acabou por ficar reservado para o reforço de Inverno Luiz Phellype.

Alérgica a lances de bola parada, a defesa mais batida da Liga iria claudicar num detalhe insolúvel. Na sequência de um livre pouco promissor, numa altura em que o Nacional começava a insinuar-se no ataque, o mal-amado brasileiro recrutado no Paços de Ferreira cumpriu a sua parte, superando, finalmente, o principal obstáculo dos “leões”, que assim passavam a somar a oitava vitória consecutiva (sétima no campeonato), garantindo uma confortável almofada de seis pontos para o quarto classificado, o Sp. Braga, isolando-se num pódio de onde avista Benfica e FC Porto, provisoriamente a cinco pontos de distância, com quatro jornadas para disputar. 

Por um capricho do destino, apesar de uma segunda parte bem mais descansada — e quando Salin começava a mostrar serviço, o guarda-redes brasileiro do Nacional era, assim, traído pelo compatriota, deixando a formação madeirense numa posição delicada, com um ponto conquistado nos últimos seis encontros, na antepenúltima posição, ao alcance do penúltimo Desp. Chaves, enquanto os principais rivais se distanciam, tornando a problemática missão de Costinha cada vez mais difícil de solucionar.

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