N’Dicka empurrou em vez de rasteirar e, com isso, ajudou o Benfica

O jogador do Eintracht Frankfurt foi expulso, no Estádio da Luz, por uma abordagem que pode revelar desconhecimento das leis do futebol ou, pelo menos, incapacidade de as aplicar em campo.

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N'Dicka expulso pelo árbitro Anthony Taylor. LUSA/MIGUEL A. LOPES

O Benfica venceu o Eintracht Frankfurt, nesta quinta-feira, conseguindo-o com colaboração importante de N’Dicka, central da equipa alemã. Tal como descrito na crónica do jogo, o francês foi expulso aos 20 minutos, após impedir Gedson de finalizar uma clara oportunidade de golo. Sendo abusivo dizer que N’Dicka não sabe as leis do desporto que pratica, pode, pelo menos, dizer-se que não as soube aplicar em seu proveito, no Estádio da Luz, em pleno jogo da Liga Europa.

O que está em causa é uma alteração recente às leis do jogo, que estipula o fim da chamada “tripla penalização”, isto é, um jogador cometer um penálti, ser expulso e ainda ficar fora do jogo seguinte.

Tal como explicado na Lei 12, se, numa clara oportunidade de golo, um jogador defensor cometer uma falta para penálti numa tentativa de jogar a bola – um carrinho ou uma tentativa de desarme (sem ser com força excessiva), por exemplo –, então o árbitro deverá assinalar o respectivo penálti, mas mostrar apenas cartão amarelo. A ideia é não penalizar triplamente – penálti, expulsão e suspensão para o jogo seguinte – um jogador que, apesar da infracção, até tentou jogar a bola de forma leal.

Por outro lado, caso o jogador defensor cometa a falta numa acção na qual não procura jogar a bola – um puxão ou um empurrão, por exemplo –, então o cartão vermelho mantém-se, considerando-se que não houve lealdade merecedora de um castigo disciplinar mais suave. Foi isto que fez N’Dicka, empurrando Gedson. Contudo, se tivesse optado por desarme com os pés, desde que tentasse jogar a bola, poderia ter evitado a expulsão, mesmo não evitando o penálti.

Em traços gerais, numa generalização nem sempre aplicável, costuma dizer-se que se o defensor fizer uma falta com os pés é porque tenta jogar a bola, ao contrário de quando o faz com as mãos. É uma linha de orientação que pode ajudar, mas que nem sempre se aplica.

Resumindo: se, numa clara oportunidade de golo, há uma falta para penálti e o infractor tenta jogar a bola, vê o cartão amarelo. Se não tenta, vê o vermelho. Foi o que fez N’Dicka, esquecendo este detalhe das leis do futebol e, com isso, complicando a vida ao Eintracht.

Nota: o fim desta “tripla penalização” aplica-se apenas a faltas para penálti. Se a falta for cometida fora da “grande área” – e mesmo que tenha sido uma tentativa leal de jogar a bola –, o jogador será expulso. Porquê? Porque, aí, não se trataria de uma “tripla penalização”, dado que seria um livre directo e não um (mais castigador) pontapé de penálti.

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