Laços estreitos, interesses partilhados

Através de laços quase familiares, as pessoas unem Portugal e a Suíça. Vivem na Suíça cerca de 270.000 portugueses. Além de motivações políticas e económicas, tais laços permitem aprofundar as relações entre os países. A isso se deve a minha visita a Portugal.

Em 2019, Portugal e a Suíça celebram 100 anos de relações diplomáticas. Existe uma longa amizade mútua e visito Portugal com satisfação para assinalar este marco. Com a ida à Assembleia da República pretendo consolidar estes laços.

Tema central das conversas com o presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro António Costa será a política europeia e as relações entre a Suíça e a União Europeia (UE).

Objetivos e valores partilhados — relações estreitas e intensivas

Portugal e a Suíça estão unidos em objetivos, valores e ideais e também na política europeia, mesmo que seguindo caminhos diferentes. A Suíça é um parceiro de confiança da Europa. Empenhada na democracia, Estado de direito, direitos humanos, estabilidade e bem-estar, com muitos anos de colaboração no desenvolvimento, migrações e promoção da paz e da estabilidade, a Suíça defende interesses partilhados com a União Europeia.

As relações são estreitas e intensivas. A Suíça é o segundo maior investidor da UE, o segundo maior parceiro nos serviços e o terceiro no comércio de mercadorias. E Portugal também disso beneficia. Inúmeros acordos bilaterais complementam estas estreitas relações. Com mais de 120, a UE celebrou com a Suíça mais acordos do que com qualquer outro Estado-terceiro.

A Suíça pretende consolidar uma via bilateral, benéfica para ambos os lados. Em especial, para harmonizar acordos bilaterais de acesso ao mercado, com os recentes desenvolvimentos da economia, da sociedade e no plano jurídico, a Suíça e a UE negociaram uma convenção-quadro. Em novembro de 2018, concluíram-se estas negociações.

O mercado de trabalho e a democracia direta

Este projeto, que serve os interesses do meu país, deverá antes de mais ser aplicado internamente. Para o efeito, o Conselho Federal Suíço irá recolher o parecer dos envolvidos. Pretende-se abordar tópicos em aberto ligados a medidas de apoio ao mercado de trabalho e a diretiva da UE sobre livre circulação.

A democracia direta pela qual a Suíça é conhecida significa que uma convenção institucional tem que ser considerada para uma implementação nacional. O objetivo da minha visita é também sensibilizar as autoridades portuguesas para a compreensão das especificidades do sistema político suíço. Retomarei com satisfação este diálogo com os representantes parlamentares do povo português.

Portugal e Suíça — uma história de sucesso

Por ocasião do centenário, Portugal e a Suíça perspetivam excelentes relações, no plano político e económico. Os trabalhadores portugueses na Suíça contribuem para a riqueza e diversidade cultural do meu país. No sentido inverso, é impressionante registar que, em 2018, os cerca de 270.000 portugueses residentes na Suíça transferiram 899 milhões de euros para o país de origem. É quase um terço das transferências de emigrantes portugueses em todo o mundo (3,15 mil milhões).

Nos últimos anos, Portugal alcançou um crescimento estável, que felicito. E isto reflete-se no crescente interesse de investidores suíços, e no cada vez maior número de suíços que transferem para Portugal o seu local de residência e de trabalho, despertando a esperança de que também as relações económicas entre os nossos países se possam tornar ainda mais intensas.

Além de assuntos políticos atuais, a minha visita pretende sublinhar uma grande constante: a especial comunhão humana entre a Suíça e Portugal. Estou por isso grato ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, pelo convite para visitar Portugal, regozijo-me com a perspetiva desta viagem e com as próximas etapas no caminho comum dos nossos países.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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