Holanda quer exibir a sua “Perestroika”, mas não é a única

A Holanda iniciou, nesta quinta-feira, frente à Bielorrússia, a qualificação para o Euro 2020. O objectivo é, com a "revolução" na selecção, corrigir os erros cometidos no caminho para 2016 e 2018.

Foto
Virgil van Dijk é o capitão da "nova Holanda". LUSA/KOEN VAN WEEL

A Holanda vive uma “Perestroika” vital para o seu futebol. Em 1986, Gorbatchev criou um plano para reestruturar e recuperar o sistema económico soviético. Em 2019, Ronald Koeman está a criar um plano para reestruturar e recuperar uma Holanda que já nada tem que ver com a outrora “Laranja Mecânica” do “futebol total”. A avaliar pelo "atropelo” à Bielorrússia, a “revolução” parece estar a ser bem conduzida.

Depois das ausências do Euro 2016 e do Mundial 2018, a vice-campeã mundial de 2010 deu uma volta de 180 graus. Nomes como Robben, van Persie, Sneijder ou van der Vaart deram lugar a uma fornada que já anda nas bocas do futebol mundial: de Ligt, Frenkie de Jong e van de Beek juntaram-se a um núcleo já experiente, liderado pelo capitão van Dijk, e no qual ainda cabem de Vrij, Strootman, Blind, Wijnaldum, Depay ou até o renascido Babel, o único da actual selecção que tem mais de 30 anos. Com Koeman ao leme, é esta a base que pretende levar a Holanda ao Euro 2020.

Apesar de toda a aparente “frescura” da “nova Holanda”, o descalabro dos anos anteriores deu aos holandeses um ranking que os colocou à mercê de encontros com “tubarões” e Ronald Koeman assumiu alguma frustração, no final de 2018: “Não estou contente”. As palavras tiveram por base um sorteio que, no caminho para o Euro 2020, colocou a Holanda no grupo da… Alemanha.

Só os holandeses sabem o quanto derrotar a Alemanha, seja em que área for, faz tudo parecer melhor. E pareceu, com a Holanda a bater os alemães – bem como a França – no grupo 1 da Liga A da Liga das Nações. “Não apenas o treinador e os jogadores, mas todo o país precisava disto”, chegou a dizer Ronald Koeman.

Alemães e italianos em processo semelhante

Agora, na rota para o Euro2020, há novo duelo entre holandeses e alemães, que decidiram manter Joachim Löw, após o mau Mundial 2018 e a má Liga das Nações. O treinador operou, nas últimas semanas, a sua própria “Perestroika”, “deitando fora” figuras como Müller, Hümmels e Boateng, sob a lógica de “dar um novo visual à equipa” e “deixar claro que isto é um recomeço”. Neuer, Reus e Kroos são, agora, os únicos consagrados numa equipa que quer dar espaço a Sané, Werner, Havertz ou Sule.

Mais a sul, há uma Itália também em mudança. Inserida num grupo no qual Grécia e Bósnia deverão ser os principais entraves a uma presença no Euro 2020, a selecção transalpina tem, nesta qualificação, uma boa oportunidade de mostrar o que de melhor tem aparecido no futebol italiano.

Com Mancini a comandar o “barco”, a Itália quer que Donnarumma, Zaniolo e Chiesa remem na mesma direcção dos experientes Chiellini, Bonnuci, Florenzi ou Quagliarella e devolvam a “squadra azzurra” a uma grande competição internacional. Tal como a Holanda, falharam o Mundial 2018, já depois de terem caído nos “quartos” do Euro 2016.

Holanda, Alemanha e Itália, três históricos que, depois do momento de reflexão, estão em momento de mostrar que o rumo escolhido para a revitalização das suas selecções foi o melhor.

Sugerir correcção
Comentar