Primeiro-ministro ambiciona uma floresta que seja “um factor de riqueza colectiva”

Apresentação da estratégia da Empresa de Gestão e Desenvolvimento Florestal foi feita hoje. Objectivo: incentivar o emparcelamento de terrenos para reduzir a fragmentação da propriedade e da produção.

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PAULO NOVAIS/LUSA

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu nesta quarta-feira, em Figueiró dos Vinhos, que o desafio do Estado é transformar a grande ameaça que tem sido a floresta numa fonte de riqueza para o território.

Na apresentação da estratégia da Florestgal - Empresa de Gestão e Desenvolvimento Florestal, criada pelo Governo em Setembro de 2018, António Costa considerou que a reforma da floresta é “absolutamente essencial”, para que esta “possa ser, como tem de ser, um factor de riqueza colectiva”.

Mas, para isso, “temos de saber gerir a floresta”, que nas últimas décadas foi sendo deixada crescentemente ao abandono ou entregue à exploração de espécies de crescimento rápido devido a uma “alteração profunda da demografia no interior do país e uma estrutura marcada pelo minifúndio e microfúndio”, acrescentou.

“Temos de passar para a floresta que produz, que associa o desenvolvimento de outras actividades complementares como a apicultura e o turismo, que promove a rentabilização e valorização do aproveitamento da madeira e que possa aproveitar todos os frutos e produtos associados e ter uma diversidade que permita ser resiliente ao fogo e não cause ameaça às populações”, sublinhou.

A Florestgal, que é a primeira empresa pública de gestão e desenvolvimento florestal, tem como finalidade contribuir para a sustentabilidade da floresta, incentivando o planeamento e gestão sustentável, e também para um território mais resiliente aos incêndios e mais seguro para os seus habitantes.

Sediada no concelho de Figueiró dos Vinhos, um dos afectados pelos graves incêndios de 17 de Junho de 2017 no Pinhal Interior Norte, dispõe de 86 propriedades em 26 concelhos, num total de 14 mil hectares, e pretende incentivar o emparcelamento de terrenos para reduzir a fragmentação da propriedade e da produção.

“Foi por isso que quisemos sediar esta empresa pública aqui em Figueiró, tinha de ser no interior e num dos concelhos onde nunca poderemos esquecer aconteceu uma das maiores tragédias humanas que atingiu Portugal”, frisou o primeiro-ministro, que se fez acompanhar dos ministros Adjunto e da Agricultura e de vários secretários de Estado.

Esta “é uma forma de dizer de novo àqueles que perderam os seus entes queridos que não esquecemos, e que não esquecer exige, sobretudo, fazer com que não volte a acontecer”, porque o trabalho “não se faz só no Verão e com campanhas, mas com trabalho permanente que demora anos”, salientou António Costa.

Um “parceiro” dos idosos

Segundo o chefe do Governo, a população idosa, que não têm recursos financeiros para fazer a limpeza e a gestão da sua floresta, tem na Florestgal “um parceiro onde podem encontrar uma fonte de rendimento para remunerar uma propriedade, que hoje não dá rendimento e ainda provoca dores de cabeça”.

“O objecto fundamental da Florestgal é pegar num conjunto de propriedade que hoje estão inactivas, improdutivas, que não geram rendimento e que são uma ameaça para a segurança, e fazer uma gestão economicamente viável, que permita rendimento para os proprietários, acrescentar valor para o território, manter a floresta bem gerida e sem risco para a segurança”, sublinhou.

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