Diário

António Guterres e Marcelo Rebelo de Sousa são "dois produtos da Igreja Católica, que sempre se deliciaram a exibir as suas belas almas, nunca conseguiram aceitar verdadeiras responsabilidades. São ornamentos", escreve Vasco Pulido Valente.

24 de Fevereiro

Um documentário da RTP atesta que Ana Gomes é tão idolatrada numa parte qualquer da Etiópia que as mãezinhas do sítio chamam às suas filhinhas Ana e Anagomes. Gostava de saber por que razão a nossa querida inquisidora não emigra para a Etiópia.

25 de Fevereiro

António Guterres continua preocupado e “alarmado”, agora com o “populismo”. Quem se lembra do governo dele, e já lá vão mais de vinte anos, também se lembra das crises semanais por causa do primeiro-ministro não ser capaz de se decidir sobre coisa alguma. Hoje, na ONU, basta-lhe ter estados de alma. Como, de resto, o seu grande amigo, Marcelo Rebelo de Sousa, que da eminência de Belém comenta diariamente a vida política portuguesa. Estes dois produtos da Igreja Católica, que sempre se deliciaram a exibir as suas belas almas, nunca conseguiram aceitar verdadeiras responsabilidades. São ornamentos.

26 de Fevereiro

O governo não quer reconhecer a dívida do Estado aos professores de nove anos, quatro meses e dois dias de serviço. A “oposição”, do Bloco ao CDS, uniu-se para recomendar ao governo negociações, sabendo que a única concessão possível era o “escalonamento”, ou seja, ir pagando a pouco e pouco, em 2020, 2021 e por aí fora. António Costa espera continuar a ser primeiro-ministro nos próximos quatro anos e faz tudo para não se arranjar dificuldades no futuro. A oposição, que não espera governar nos próximos quatro anos, pode empenhar o Estado à sua vontade.

Esta confissão antecipada de impotência e derrota não se esperava tão cedo e tão claramente.

27 de Fevereiro

Nixon caiu por causa da investigação judicial que ficou conhecida por Watergate. O partido democrático tentou inventar contra Reagan um novo Watergate, o Irangate. Mas não pegou. Os republicanos quiseram remover Clinton a pretexto de um negócio imobiliário, o Whitewater, e de Monica Lewinsky. E quase conseguiram. Os republicanos, principalmente Trump, levantaram dúvidas sobre a nacionalidade de Obama. Ultimamente, os democratas julgam que se vão desembaraçar de Trump com uma nova investigação judicial, a de Mueller.

Isto é ilógico. Trump talvez possa ser destituído. Mas o eleitorado dele não é destituível. A elite americana não viu que Trump podia chegar ao poder. Na véspera da eleição ainda se ria dele. Depois chorou. E agora vem entusiasticamente desculpar-se, descobrindo no homem as maiores perversidades da história.

O espectáculo do depoimento de Michael Cohen ao Congresso, como a CNN o apresentou, foi um drama romântico. Michael Cohen teve o papel do traidor arrependido. O presidente da comissão de inquérito teve o do juiz bondoso. Os republicanos e os democratas agatanharam-se, mas com lágrimas e suspiros, declarações de culpa e de amizade eterna, e com a invocação chorosa dos antepassados e dos filhos. Ninguém se conseguiu portar com alguma sobriedade clássica, a que antigamente se chamava dignidade. Compreende-se: no novo mundo global toda a gente ama, ou deve amar, toda a gente.

28 de Fevereiro

Há 20 anos, meia dúzia de jovens da classe média, que não tinham qualquer ligação à sociedade portuguesa, e só tinham em comum o sentimento da sua derrota política e uma mistura de lugares comuns a que eles chamavam marxismo-leninismo, resolveu fundar um novo partido, o Bloco de Esquerda.

Sem perceber, e ainda hoje não percebem, limitavam-se a reinventar mais uma vez o radicalismo urbano. Não tinham, e não têm, um verdadeiro destino. Balançam, e hão-de balançar, entre o seu amor pela igualdade e o seu amor pela ascensão social. É uma maldição histórica.

1 de Março

Guaidó diz que volta à Venezuela segunda-feira. É um homem de coragem. Ainda o matam.

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