Professores: UGT ficará satisfeita se Governo aceitar contar tempo, mesmo que não seja para já

Líder da UGT adiantou que processo de recuperação do tempo de serviço até poderá demorar mais duas legislaturas a ser concluído, mas frisou que Governo tem que assumir que essa contagem será feita. Dirigente da FNE garante que não há alterações na posição assumida pelos sindicatos de professores da UGT.

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O líder da UGT diz estar optimista quanto à contagem do tempo de serviço Daniel Rocha

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, desafiou nesta quinta-feira o Governo a assumir o compromisso de que respeitará a contagem integral do tempo de serviço dos professores, mesmo que tal só venha a ser concretizado no futuro.

"Tem que haver diálogo e, desse diálogo, tem que resultar uma aceitação inequívoca da parte do Governo em reconhecer o tempo de serviço prestado. É só isso que é preciso, um compromisso político", afirmou Carlos Silva aos jornalistas, em Viseu, no final de uma reunião do secretariado nacional da UGT.

Carlos Silva mostrou-se optimista, por considerar que "há muitas portas abertas".

Carlos Silva lembrou que o Governo já disse que pagará "o equivalente à quarta parte dos nove anos, quatro meses e dois dias".

No seu entender, o que os sindicatos querem é, "primeiro, o compromisso político de ver reconhecido o tempo" e, segundo, que o Governo "implemente desde já o pagamento" do período que decidiu.

"Depois abre a porta a um processo negocial, nem que seja na próxima legislatura, seja ou não seja o PS Governo. Porque, a partir do momento em que o Estado assume, pela posição do Governo, o compromisso de contagem, isso tem de ser contado mais cedo ou mais tarde", frisou.

Segundo o secretário-geral da UGT, durante a reunião em Viseu foi dito que isso "pode ser na próxima legislatura, pode ser nas duas próximas legislaturas". No entanto, "há uma coisa de que os trabalhadores não prescindem, é que o tempo do seu trabalho tem de contar para efeitos de progressão na carreira e também de reforma", avisou.

"Eu percebo que possa haver organizações sindicais que queriam já tudo discutido. O Governo não tem essas condições, nem quer assumi-las, mas para nós era importante que pudesse assumir a contagem integral do tempo", frisou.

Segundo o responsável, "havia uma predisposição para não se participar na reunião de dia 4 Março”, mas, depois da sua insistência, os sindicatos da UGT estarão presentes para negociar. "Nós não podemos voltar as costas à negociação, mesmo que venham lá com uma mão cheia de nada", acrescentou.

Em declarações ao PÚBLICO, o líder da Federação Nacional da Educação (FNE), Dias da Silva, que também esteve na reunião de Viseu, esclareceu que os sindicatos de professores da UGT, à semelhança dos restantes que integram a plataforma sindical, ainda não decidiram se estarão presentes na reunião de dia 4 pelas razões que já são públicas.

Nesta reunião deve começar a ser "discutido o que nunca foi abordado" e portanto muito dependerá da disponibilidade "do Governo em analisar, nesta sessão, a proposta sindical", disse Dias da Silva, frisando que "não houve qualquer alteração" na posição da FNE quanto às negociações em curso e o que está em causa nelas.    

No que respeita à luta dos enfermeiros, Carlos Silva responsável saudou "a abertura da ministra da Saúde para recuperar o processo negocial", apesar de a considerar tardia. "É tardia, mas vale mais tarde do que nunca", sublinhou.

Carlos Silva realçou que a UGT espera que os processos relativos quer aos professores, quer aos enfermeiros, sejam desbloqueados, de forma a diminuir "a escala de conflitualidade social que o país vive nos últimos tempos".

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