Matosinhos estuda solução para desviar águas pluviais que “sujam” o mar

A autarquia passou a monitorizar semanalmente a qualidade da água das praias do concelho, que, à excepção de alguns episódios ocasionais, diz cumprir os requisitos. Solução pode passar por desviar o ribeiro da Reiguinha.

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nelson garrido

Não há risco para os banhistas nem põe em causa a época balnear ou a prática de desportos náuticos, mas, os resultados dos testes que têm vindo a ser realizados pela Câmara Municipal de Matosinhos nas águas das praias do concelho revelam que, “ocasionalmente”, há recolhas que apontam para uma maior sujidade das águas.

Nada de alarmante, afirma o vereador do Ambiente da autarquia, Correia Pinto, à margem da reunião do executivo camarário desta terça-feira. Desde o ano passado, “por esta altura”, adianta, estão a ser realizados testes periódicos com maior regularidade. Se dantes eram feitos apenas durante a época balnear, desde o segundo trimestre de 2018 têm sido recolhidas amostras de água para análise duas vezes por semana.

Os testes têm sido realizados no alinhamento da ribeira da Riguinha, a meio da praia de Matosinhos e em Leça da Palmeira, perto do molhe, zona usada por surfistas ao longo de todo o ano. Em regra, os resultados são quase sempre positivos, desde que não chova, altura em que a qualidade da água “degrada-se um pouco”.

O vereador explica que o ribeiro da Riguinha, que nasce na Senhora da Hora, junto à Circunvalação, é resultado da drenagem das águas pluviais de quase todo o concelho. A água que drena a sujidade da rua segue para o mar, onde acaba por depositar o lixo que arrasta – fenómeno que considera “natural”.

Actualmente, diz estar a ser estudada uma solução com o Porto de Leixões de forma a solucionar o problema que se foi agravando “desde 2013”. A solução passará por afastar da praia a entrada das águas do ribeiro que desagua no limite que separa a praia de Matosinhos da praia Internacional, no Porto.

Para isso, em cima da mesa, está a possibilidade da construção de um adutor submarino com cerca de 300 metros. Obra que poderá ser feita em paralelo ao prolongamento do molhe. Afirma o autarca que esta solução tem o apoio da Associação Portuguesa do Ambiente e poderá estar concluída até final do actual mandato.

Matar o glifosato

À discussão entre os vereadores voltou o tema do uso do glifosato na limpeza dos jardins municipais. Em 2016, após a Organização Mundial de Saúde, no ano anterior, ter considerado esta substância potencialmente cancerígena, com Guilherme Pinto ainda como presidente, o uso do herbicida foi banido pela autarquia.

Dois anos depois, a CMM, apoiando-se em estudos realizados por várias entidades, que, de acordo com o município, davam conta de que a substância não representaria perigo para a população, vota favoravelmente a reintrodução do seu uso.

A decisão não passa na Assembleia Municipal, a câmara recua e não avança com a proposta da implementação do herbicida.

Na reunião desta terça-feira, o independente António Parada chamou à atenção para o facto de existir uma União de Freguesias — Custóias, Leça do Balio e Guifões —, que não acatou a decisão.

O também independente Narciso Miranda, afirmou que, tendo a câmara proibido o uso da substância, é preciso deixar claro em todos os contratos celebrados com empresas responsáveis pela manutenção dos jardins municipais que não é permitido o uso do herbicida, medida que o vereador do Ambiente diz já ter sido posta em prática.

O antigo presidente da autarquia sublinhou que para que não haja mais dúvidas quanto ao caminho escolhido pelo município nesta matéria “é preciso matar de vez o glifosato”.

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